terça-feira, 24 de março de 2015

Defesa Civil de Natal acredita que Kleberson morreu 15 minutos após ser sugado pela tubulação. Kleberson foi sugado por tubulação no sábado passado (21), em Mãe Luíza, durante chuva intensa

MISSÃO  ARRISCADA

Foto: José Aldenir
Foto: José Aldenir
Roberto Campello
Roberto_campello1@yahoo.com.br

Há dois dias uma força tarefa envolvendo o Corpo de Bombeiros Militar, a Defesa Civil e a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) têm trabalhado na busca pelo corpo de Kleberson do Nascimento, 37 anos, que foi sugado por uma tubulação durante as chuvas que caíram em Mãe Luiza, na zona Leste de Natal, na manhã do último sábado (21). O resgate foi suspenso no início da noite de ontem e retomado na manhã de hoje (23). Uma sonda da Caern deve ser utilizada para auxiliar no resgate ainda na tarde desta segunda-feira, caso não chova mais.

Kleberson do Nascimento, mais conhecido como Nénem, foi sugado quando tentava desobstruir a passagem de uma boca de lobo, na Rua Atalaia, paralela a Avenida Guanabara. Com as fortes chuvas, a rua estava alagada e o acúmulo de lixo na entrada da boca de lobo impedia que a água escoasse. Ao tentar desobstruir, ele foi sugado pela tubulação de cerca de 50 centímetros de diâmetro. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que Kleberson tentava desobstruir e desapareceu subitamente.

O diretor da Defesa Civil de Natal, Eugênio Soares, conta que Kleberson do Nascimento desapareceu por volta das 11h30 do sábado. Quando o Corpo de Bombeiros chegou no local, pouco mais de meia hora depois, comunicou a família de que a possibilidade de ele estar vivo era muito remota, uma vez que o tubo tem quase 60 metros e o ser humano não conseguiria ficar sem respirar esse tempo todo. Além disso, a chuva constante dificultaria a sobrevivência. “Ele deve ter morrido 10 a 15 minutos, no máximo, depois que caiu”, afirma.

Foto: José Aldenir
Foto: José Aldenir
O diretor da Defesa Civil de Natal, Eugênio Soares, explicou no início da manhã desta segunda-feira que o corpo de Kleberson do Nascimento deveria estar no trecho que compreende do ponto que ele caiu, na Rua Atalaia até o Ponto de Visita (PV), caixa de concreto onde a água é canalizada e segue para outras tubulações de maior diâmetro, com 60 metros. “Todas as outras possibilidades já foram esgotadas. Ontem um mergulhador do Corpo de Bombeiros entregou em três PVs, com toda segurança”.

67i3522
“A Defesa Civil não trabalha com resgate de corpos, mas para dar uma resposta à sociedade, estamos trabalhando em conjunto com o Corpo de Bombeiros, dando total suporte, estrutura e a empresa também está nos ajudando. Tudo que é possível está sendo feito, mas com segurança. Todas as ações são calculadas e discutidas”, explica o diretor da Defesa Civil. Eugênio Soares lembra que a área onde aconteceu o incidente está interditada com risco de desabamento.

O capitão Marcos Miranda, do Corpo de Bombeiros, disse que o ambiente confinado é a maior dificuldade para se encontrar o corpo de vítima. “Algumas tubulações permitem que o bombeiros entre, mas é uma situação muito delicada e perigosa, pois há risco de contaminação, uma vez que nessas tubulações não corre apenas águas pluviais, mas esgotos também. Entendemos a dor da família, mas trabalhamos com um protocolo de segurança”, afirma o capitão do Corpo de Bombeiros. Na tarde do domingo, o Corpo de Bombeiros descartou qualquer possibilidade de o corpo de Kleberson do Nascimento ter ido para o mar.

8o785oo544
“Tudo aconteceu em um piscar de olhos. A nossa recomendação é que não se faça procedimentos como este, porque águas de chuva, principalmente torrencial como foi nesse fim de semana, tem a força de arrastar uma pessoa. Em um ambiente de obras tudo é possível, por isso o cuidado é redobrado”, afirma.

7i6i433

“Só queremos dar um enterro digno a ele”

A irmã de Kleberson do Nascimento, Maria de Lourdes do Nascimento, acompanhou durante esses dois dias o trabalho de busca pelo corpo do irmão. Ela disse já ter certeza de que ele está morto. “Só queremos da um enterro digno a nosso irmão. Está sendo muito difícil, muito angustiante para todos nós. Espero que ele não tenha sofrido muito”, conta a irmã de Kleberson, Maria de Lourdes.

Ela conta que Kleberson sempre foi um homem de bem e que constantemente ajudava a comunidade. “Ele era um homem alegre, feliz e ajudava a todos. Ele morreu tentando ajudar as pessoas, porque ele não morava ali. Aquele problema não tinha nada a ver com ele, mas como ele não aguentava ver alguém sofrendo e não ajudar, ele foi lá e morreu”. Desempregado, Kleberson deixa cinco filhos.

Dicas de segurança para dia de fortes chuvas
Em virtude das fortes chuvas deste sábado (21), o Corpo de Bombeiros do RN (CBM-RN), orienta que a população evite sair de casa se não houver grande necessidade. Caso seja inevitável deixar a residência, é importante estar atento a algumas dicas, como circular de carro com os faróis acesos; evitar passar por lugares alagados; não deixar crianças brincando na enxurrada ou nas águas de córregos, pois elas podem ser levadas pela correnteza ou contrair graves doenças, como hepatite e leptospirose. Já os moradores das regiões de risco – morros e encostas – devem procurar por locais seguros para se abrigar. Em caso de emergência, deve-se acionar o Corpo de Bombeiros através do telefone 193.

Em casa:
» Se possível, ponha a salvo seus bens, mas lembre-se que algumas inundações se apresentam repentinamente. Nesses casos, o mais importante é proteger a sua vida e de seus familiares. Encaminhe-se imediatamente para um lugar seguro (partes mais altas da cidade);

» Ao primeiro sinal de chuva forte, deixe móveis e eletrodomésticos fora do alcance da água. Desligue equipamentos elétricos e eletrônicos, e feche os registros do gás e da água;

» Acompanhe o noticiário local pelo rádio e fique atento às mensagens de esclarecimento ou alarmes;
» E o mais importante: mantenha a calma para que possa tomar as providências necessárias. O pânico só piora a sua situação e de quem está à sua volta.

Nas ruas:
» Evite, ao máximo, estar em áreas alagadas. Terrenos acidentados, buracos e bueiros abertos, assim como fiação elétrica exposta, podem causar acidentes graves;

» Ao encontrar-se em ruas alagadas, procure se proteger o máximo possível para evitar o contato com a água. Use calçados ou improvise com sacos plásticos uma proteção para as pernas;
» Evite cruzar pontes onde o nível do rio subiu;

» Não se abrigue embaixo de árvores e se mantenha distante de postes;
» Não se aproxime de cercas de arame.

Dentro dos carros:
» Aos primeiros sinais de alagamento procure áreas elevadas para estacionar e aguarde o nível da água baixar;

» Ande devagar, aumente a distância do veículo da frente e não feche os cruzamentos;
» Sintonize seu rádio no noticiário local e procure informações sobre as áreas alagadas;
» Evite áreas alagadas. As poças podem esconder crateras. Se for inevitável, ao atravessá-las, mantenha aceleração contínua em primeira marcha, pois em hipótese alguma a água pode entrar pelo cano de descarga do carro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário