segunda-feira, 24 de julho de 2017

Após a volta do ‘pato da Fiesp’, Temer chama Skaf para conversar. Em uma agenda não-oficial, presidente recebe em sua casa em São Paulo o presidente da Fiesp e o ex-ministro Delfim Netto

BRASIL, POLÍTICA
 Michel Temer e Paulo Skaf se encontram durante reunião com líderes empresariais em Brasília (DF)
 Michel Temer e Paulo Skaf se encontram durante reunião com líderes empresariais em Brasília (DF) (Beto Barata//VEJA.com)


Em um encontro fora da agenda oficial, o presidente da República, Michel Temer, recebeu no início da tarde deste domingo o presidente do Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, e o economista e ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, durante cerca de quatro horas. Ambos saíram do local sem falar com a imprensa. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também esteve na casa do presidente.

A reunião aconteceu dois dias após a Fiesp “ressuscitar” o pato amarelo de cinco metros usados nos protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.  A entidade fez críticas ao aumento dos impostos PIS e Confins sobre combustíveis.

A Federação fez duras ataques a política econômica do governo. Em nota divulgada na sexta-feira, o Skaf afirmou que “independentemente de governos” a entidade é contra o aumento de impostos. O documento também faz fortes críticas a Meirelles: “Ministro, aumentar imposto não vai resolver a crise; pelo contrário, irá agravá-la bem no momento em que a atividade econômica já dá sinais de retomada, com impactos positivos na arrecadação em junho”.

Assim que o aumento foi confirmado, a Fiesp voltou a colocar o pato amarelo inflável na porta da entidade na Avenida Paulista. Além do pato no nível da calçada, a Federação posicionou outro mascote, um pouco menor, em uma sacada no mezanino do edifício. Também foram distribuídos cerca de 300 patinhos aos pedestres na avenida. Em nota divulgada na sexta-feira, o Skaf afirmou que “independentemente de governos” a entidade é contra o aumento de impostos.

O Radar On-Line revelou neste fim de semana que o ministro da Fazenda “perdeu espaço na galeria dos homens de confiança do chefe”. De acordo com a coluna, o presidente Michel Temer o considerou “desleal”. O motivo teria sido a sinalização feita por Meirelles a interlocutores avisando “que aceita permanecer na Esplanada mesmo se o presidente for afastado”. De qualquer forma, no momento, o governo descarta uma mudança na equipe econômica.

De acordo com interlocutores do governo, o encontro entre Temer e Skaf teve por objetivo aparar as arestas que surgiram depois do aumento dos impostos PIS e Confins sobre combustíveis. Com a alta, o governo espera uma arrecadação extra de 10,4 bilhões de reais. Estipulada via decreto assinado pelo presidente Michel Temer (PMDB), a medida tem como efeito mais significativo a alta da alíquota da gasolina de 38 centavos por litro para 79 centavos.

Advogado é convocado
Além de Skaf, Delfim Netto e Meirelles, o presidente Michel Temer também recebeu neste domingo o seu advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. No início de agosto, o plenário da Câmara vai analisar a denúncia com o peemedebista. Temer é acusado Procuradoria Geral de República por corrupção passiva com base na delação premiada de executivos da holding J&F, que controla o frigorífico JBS. Por se tratar do presidente da República, as investigações só podem prosseguir se houver autorização da Câmara dos deputados.

(Por Renato Onofre/Com Estadão Conteúdo)

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