engenheiro
Adir Assad, preso na Lava Jato, detalhou como funcionava o esquema
bilionário de pagamento de propina em grandes empreiteiras do País.
Assad disse em depoimento ao juiz da 7ª Vara Criminal Federal no Rio de
Janeiro o que era a “lasanha de propina”. Na audiência, Adir Assad
também diz que gerou, sozinho, R$ 1,7 bilhão de propina.
“É
tudo uma questão de dinheiro. Para se eleger um deputado federal custa
R$ 30 milhões, para eleger um deputado estadual, custa R$ 20 milhões.
Tanto é que eu forneci para todas as empreiteiras. (…) Porque a gente
tinha a facilidade para esse crime”, explicou Assad.
Um
crime contra os cofres públicos já que no esquema as empreiteiras
contratavam a empresa de Adir Assad para fazer terraplanagem e o serviço
simplesmente não era feito. Ainda assim, Assad emitia notas fiscais
milionárias sem remover nada de areia.
Para
executar o serviço sujo, o empresário cobrava uma comissão de 14%,
sendo que a maior parte ia para a empreiteira contratada para o serviço.
E esse pagamento era feito em espécie.
“Nós
colocávamos uma ou duas máquinas em cada obra. Se nós pegarmos os
valores das notas fiscais fica evidente que não tem como… R$1,2 milhão,
R$ 1,1 milhão em cada nota fiscal. Se nós dividirmos isso por R$ 100 a
hora, a máquina precisa trabalhar seis meses, dia e noite, sábado e
domingo, sem manutenção e tal, durar dois para chegar num faturamento
desse”, detalhou o empresário.
O
esquema era muito procurado por empreiteiras porque Adir Assad tinha
facilidade de conseguir dinheiro vivo, na boca do caixa. Isso porque o
empresário também era dono de empresas que produziam shows. Assim, Assad
costumava usar ingressos e outros “mimos” para seduzir os gerentes de
bancos.
“Tinha
ingressos à vontade para gerentes, diretores. Não só os ingressos, mas o
diretor, eu pegava o diretor e falava: ‘ah, você gosta do U2? Então eu
vou arrumar para você ir lá no camarim e fazer uma foto com ele”,
continuou Assad.
Tanta
era a ganância e fome por dinheiro que os empresários envolvidos no
esquema até criaram um apelido para as malas de dinheiro que circulavam
pelo País: lasanha. Segundo Assad, cada mala era recheada com 150 ou 170
mil reais.
De
acordo com Assad, só a Andrade Gutierrez gastou R$ 30 milhões em
propina para que deputados não incomodassem os negócios quando o
empresário foi convocado para depor na Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito que, em 2012, investigava as relações de Carlinhos Cachoeira
com agentes públicos.
“Tanto
é que o dia que eu cheguei na CPI, foi uma maravilha. Eu cheguei lá e
estavam todos os deputados, senadores, todos no telefone, para não fazer
pergunta para mim. Quer dizer… “Mio”, né? Parecia que eu fui lá fazer
uma palestra”, disse Assad.
A
certeza da impunidade era grande e Assad contou o porquê de achar que
nunca seria preso. Ele exemplificou explicando que buscava dinheiro de
fora do Brasil para o PSDB e, dentro do País, dava outra quantia para o
PT. “Eu gerei R$ 1,7 bilhão de propina. Eu sozinho”, se orgulha o
empresário.
( Fonte: G1)
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