sábado, 5 de agosto de 2017

Maia responderá por escrito a perguntas de Lula em processo. Petista arrolou o presidente da Câmara como testemunha de defesa em ação penal sobre caças suecos e medida provisória

BRASIL, POLÍTICA
 
 COFRINHO CHEIO - O teto para o bloqueio das contas de Lula é de 10 milhões de reais — 9,6 milhões já apareceram (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)


O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, autorizou nesta sexta-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva, encaminhem perguntas a serem respondidas por escrito pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), arrolado como testemunha de defesa de pai e filho. Neste processo, aberto a partir das investigações da Operação Zelotes, Lula é réu pelos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Conforme determinado por Souza Oliveira, os advogados do ex-presidente e de seu filho têm três dias para entregar ao magistrado as perguntas a serem respondidas por Maia, que, como presidente de uma das Casas do Legislativo, tem prerrogativa de testemunhar por escrito.

O Ministério Público Federal do Distrito Federal e as defesas dos outros réus, os consultores Mauro Marcos e Cristina Mautoni, também poderão enviar questões ao democrata.

Nesta ação penal, o ex-presidente, Luís Cláudio, Marcondes e Cristina são acusados pelos procuradores de participação em negociações supostamente irregulares que levaram à compra de 36 caças Gripen, da empresa sueca Saab, e à “venda” de uma medida provisória para prorrogação de incentivos fiscais a montadoras de veículos. Segundo o MPF, Luís Cláudio Lula da Silva recebeu 2,5 milhões de reais da empresa de Mauro Marcondes e Cristina Mautoni por uma consultoria fictícia.

Além deste processo, Lula responde a outras duas ações penais na Justiça Federal do Distrito Federal e a mais duas na Justiça Federal do Paraná, ambas sob responsabilidade do juiz federal Sergio Moro. No total, o petista é réu em seis processos e já foi condenado em um deles a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Luxemburgo e ex-presidentes franceses

Rodrigo Maia é uma das 80 testemunhas de defesa arroladas por Lula neste processo. O juiz Vallisney Oliveira havia negado as oitivas de todas elas e limitado o número a 32 testemunhas, mas o desembargador Néviton Gomes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), deu razão a um recurso da defesa do ex-presidente e concordou com a tomada de todos os depoimentos.
 
Entre as testemunhas arroladas pelo petista estão a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que já depôs, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os ex-presidentes da França Nicolas Sarkozy e François Holande e o primeiro-ministro da Suécia, Kjell Stetan Löfven, além de ex-ministros dos governos FHC, Lula e Dilma e três ministros do governo do presidente Michel Temer (PMDB): Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores), Blairo Maggi (Agricultura) e Dyogo Ferreira (Planejamento).

Também foram chamados deputados federais, senadores, nove cidadãos suecos, o técnico do Sport, Vanderlei Luxemburgo, e o preparador físico do Corinthians, Walmir Cruz. Formado em educação física, Luís Cláudio Lula da Silva trabalhou com Luxemburgo no Palmeiras, em 2008, e integrou a comissão técnica corintiana em 2010.

( Por João Pedroso de Campos/Veja.Abril.com.br)

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