O ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima - 22/11/2016 (André Coelho/Agência o Globo)
O Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça denúncia contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima, que comandava a Secretaria de Governo de Michel Temer. Ele é acusado de tentar barrar as negociações para a delação premiada do operador financeiro Lúcio Funaro.
Funaro é considerado um homem-bomba para políticos do PMDB
por conhecer como poucos a engrenagem da organização criminosa que
atuava em esquemas ilícitos no banco Caixa Econômica. Ele tenta fechar
um acordo de delação que promete detalhar a sua atuação como operador
financeiro de um grupo de políticos peemedebistas, que tem como
expoentes o presidente Michel Temer e os ex-presidentes da Câmara dos
Deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves. Funaro intermediava
interesses de empresas dispostas a pagar propinas para integrantes do
partido em troca de contratos públicos.
De acordo com o MPF, Geddel, que sabia
do poder de fogo de Funaro, atuou deliberadamente para dificultar e
atrasar as investigações de crimes praticados por empresários,
empregados públicos com ingerência na Caixa, agentes políticos e
operadores financeiros. A principal estratégia de Geddel para travar as
investigações, segundo o Ministério Público, foi atuar para constranger
Funaro e impedir que ele fechasse um acordo de delação.
Embora não tivesse proximidade com a
esposa de Funaro, Raquel Pitta, Geddel passou a telefonar
recorrentemente para ela, sondando sobre a disposição do operador de
revelar o que sabe às autoridades. De 1º de junho de 2016, data de
prisão de Funaro, até 3 de julho de 2017, quando o próprio Geddel foi
detido por ordem da Justiça, as sondagens do ex-ministro foram
frequentes. De maio a junho deste ano, foram dezessete contatos
telefônicos em dezenove dias.
Para Funaro, a ofensiva de Geddel
demonstrava que ele podia causar retaliações a si e a sua família, seja
por avaliar que o ex-ministro tinha grande influência no governo Temer
ou por ele ser “amigo íntimo” do atual presidente. “Embora possuísse uma
amizade com Geddel Vieira Lima, e não houvesse manifestações expressas
de uso de violência por parte dele ou de outra pessoa, essas ligações
insistentes por parte de Geddel, provocava no declarante [Funaro] um
sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação caso viesse a fazer
algum acordo de colaboração premiada, tendo em vista que Geddel era
membro do 1º escalão do governo e amigo íntimo do presidente Michel
Temer, e considerava possível que Geddel ou outros ligados a ele
pudesse, exercer influências políticas sobre algum órgão ou até mesmo o
Poder Judiciário, a fim de prejudicar o declarante, no caso de resolver
firmar acordo de colaboração premiada”, diz trecho do depoimento de
Lúcio Funaro às autoridades.
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