sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Temer diz que favoráveis a seu afastamento têm sido derrotados. Em entrevista à rádio Bandnews, presidente classificou vitória na Câmara como 'expressiva' e rebateu acusação de que usou emendas para 'comprar' votos

BRASIL, POLÍTICA
 
 O presidente Michel Temer (PMDB) (Cristiano Mariz/VEJA)


O presidente Michel Temer (PMDB) concedeu nesta quinta-feira sua primeira entrevista após a Câmara dos Deputados barrar, por 263 votos a 227, a denúncia por corrupção passiva contra ele. À rádio Bandnews, Temer disse que a vitória na votação foi “expressiva”, que aqueles que querem o seu afastamento têm sido derrotados e ainda rebateu as acusações da oposição de que usou emendas parlamentares para “comprar” votos de deputados.

“Ao longo do tempo o que tem acontecido é a derrota daqueles que querem ver prosperar essa eventual possibilidade de afastamento do presidente da República”, afirmou Michel Temer, que ainda deve ser alvo de uma nova denúncia da Procuradoria-Geral da República com base nas delações premiadas dos executivos do Grupo J&F, que controla a JBS, e na gravação de um diálogo entre o presidente e o empresário Joesley Batista.

Na entrevista, Temer voltou a atacar Joesley e reafirmou que não há nada que o incrimine no áudio da conversa, na qual ouviu do delator que ele estava “bem” com o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso, e respondeu: “Tem que manter isso aí”.

“Quando você ouve o áudio não tem nada que incrimine o presidente da república. Aí começou um processo, daí a ideia kafkiana [absurda, surreal], como se o presidente fosse um grande corruptor e o outro fosse o santo da história né”, ironizou.

A respeito das emendas parlamentares, cujo valor empenhado aos deputados foi de 3,1 bilhões de reais entre junho e julho, montante 869% maior que o empenhado entre janeiro e maio, Michel Temer ressaltou que os aportes solicitados pelos parlamentares são impositivos, ou seja, o governo tem a obrigação de pagá-los.

“Quando o parlamentar em seu nome ou em nome da bancada de seu estado apresenta uma emenda até certos valores ela necessariamente tem que ser paga, daí o nome de emenda ‘impositiva’. Tem mais: as emendas foram igualmente pagas, oposição e situação, agora, quem apoia o governo vota com o governo, quem não apoia o governo vota contra o governo”, afirmou o presidente.

Entre os 503 deputados que tiveram seus nomes chamados na votação de ontem, à parte os dez ministros exonerados apenas para voltarem à Câmara, 1,6 bilhão de reais em emendas foi empenhado a parlamentares que votaram contra a denúncia e 1,3 bilhão de reais foi reservado aos que se posicionaram pelo seguimento da acusação ao Supremo Tribunal Federal (STF). A média de emendas a cada deputado governista foi de 6,5 milhões de reais, apenas 10% maior que os 5,9 milhões de reais médios empenhados a oposicionistas.

Na entrevista, Michel Temer ainda falou sobre alguns pontos da reforma política e declarou ser favorável à implantação do Parlamentarismo como forma de governo no país. “No presente momento, o que houve aqui foi a fixação de cláusula de barreira e a eliminação das coligações [em eleições proporcionais]. Acho que poderíamos pensar no parlamentarismo para 2018, não seria despropositado”, sugeriu.

(Veja.Abril.com.br)

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