CONDENADOS
Quatro dos sete acusados pelo
procurador-geral da República Rodrigo Janot de integrarem o
'quadrilhão' do PMDB - supostamente liderado pelo presidente da
República - já estão atrás das grades. São eles: os ex-presidentes da
Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, o ex-ministro Geddel
Vieira Lima (pela segunda vez) e o ex-assessor especial de Michel Temer,
Rodrigo Rocha Loures, o 'homem da mala da JBS'.
Houve um tempo em que os quatro desfrutaram de poder e prestígio
político em Brasília até que, ao longo do último ano, foram tirados de
circulação pela PF no bojo de operações distintas, todas deflagradas
para combater corrupção e lavagem de dinheiro - Lava Jato, Manus, Pátmos
e Tesouro Perdido.
Na denúncia que levou ao Supremo Tribunal
Federal na quinta-feira, 14, contra Temer e seus aliados históricos,
Janot afirma que a liderança do 'quadrilhão' era exercida pelo
presidente.
Também fazem parte do grupo, segundo a acusação, os
ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Chefe da
Secretaria-Geral da Presidência da República).
Todo o
'quadrilhão' foi denunciado por organização criminosa na última flechada
de Janot, que encerra seu segundo mandato neste domingo, 17.
Eduardo
Cunha foi o primeiro integrante do 'quadrilhão' a ser capturado. Em 19
de outubro de 2016, por ordem do juiz federal Sérgio Moro, o
peemedebista foi preso na Asa Sul, em Brasília, e levado a Curitiba.
O
ex-deputado já foi condenado por crimes de corrupção, de lavagem e de
evasão fraudulenta de divisas a 15 anos e 4 meses de prisão na Lava
Jato. O peemedebista foi sentenciado em ação penal sobre propinas na
compra do campo petrolífero de Benin, na África, pela Petrobrás, em
2011.
A prisão de outros dois protagonistas do 'quadrilhão' ocorreu em um período de três dias, este ano.
Em
3 de junho, Rodrigo Rocha Loures, o 'homem da mala da JBS', foi
capturado preventivamente por ordem do ministro Edson Fachin, do
Supremo.
No dia 6, Henrique Alves foi levado pela Polícia Federal,
aos gritos de 'ladrão' e 'safado', na Operação Manus por suspeita de
corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a construção da Arena das
Dunas, em Natal.
Loures é o h'omem da mala preta'. Em abril, a
Polícia Federal filmou, em ação controlada autorizada pela Corte, Loures
saindo apressado do estacionamento de uma pizzaria em São Paulo. Na mão
direita, uma mala recheada com R$ 500 mil em propinas da JBS.
A
prisão de Loures foi substituída, em 30 de junho, por uso de
tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar noturno (das 20 às 6
horas) e também aos sábados, domingos e feriados. O homem da mala e
Michel Temer foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República por
corrupção passiva em 26 de junho. A acusação foi rejeitada pela Câmara
dos Deputados em agosto.
Henrique Alves continua preso. O
ex-deputado é acusado de receber propina por meio de doações eleitorais
oficiais e não oficiais, entre 2012 e 2014, em troca de favorecimento a
empresas de construção civil, como a OAS, Odebrecht e Carioca
Engenharia.
O peemedebista foi ministro do Turismo do Governo
Temer por pouco mais de um mês. Em junho do ano passado, Henrique Alves
deixou o cargo após ser citado na delação premiada do ex-presidente da
Transpetro Sergio Machado, que declarou ter repassado ao ex-deputado R$
1,55 milhão em propina entre 2008 e 2014. Henrique Alves também foi
ministro do Turismo de Dilma.
O último peemedebista do
'quadrilhão' a ser preso foi Geddel Vieira Lima. O ex-ministro de Temer e
Lula foi capturado duas vezes em dois meses por ordem juiz federal da
10ª Vara, Vallisney de Oliveira.
Em 3 de julho, Geddel foi levado
pela PF em caráter preventivo por supostamente tentar atrapalhar as
investigações da Operação Cui Bono?. A ação investiga irregularidades
cometidas na vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica
Federal, durante o período em que foi comandada pelo aliado de Temer.
Geddel
ficou preso pouco mais de 1 mês. Por ordem do desembargador Ney Bello,
do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em 13 de julho, o
peemedebista foi mandado para casa. Sem tornozeleira eletrônica, porque o
equipamento não estava disponível na Bahia.
A prisão domiciliar
de Geddel foi encerrada em 8 de setembro. Três dias antes, a Polícia
Federal havia encontrado a fortuna de R$ 51 milhões em um apartamento no
bairro da Graça, em Salvador. O dinheiro estava armazenado em caixas e
malas dentro do bunker atribuído a Geddel. Nas cédulas, a PF identificou
as digitais do peemedebista. Geddel está agora no Complexo
Penitenciário da Papuda, em Brasília.
O 'quadrilhão' do PMDB
arrecadou R$ 587 milhões em propina, segundo a denúncia de Janot.
Valores teriam sido arrecadados na Petrobrás, em Furnas, na Caixa
Econômica Federal, no Ministério da Integração Nacional, no Ministério
da Agricultura, na Secretaria de Aviação Civil e na Câmara dos
Deputados.
"Os crimes praticados pela organização geraram prejuízo
também aos cofres públicos. Nesse sentido, em acórdão lavrado pelo TCU,
estimou-se que a atuação cartelizada perante a Petrobrás implicou
prejuízos à estatal que podem ter chegado a R$ 29 bilhões", afirma o
procurador-geral.
COM A PALAVRA, CEZAR BITENCOURT, QUE DEFENDE RODRIGO ROCHA LOURES
"Rodrigo
Rocha Loures não participou de nenhum acordo de pagamento ou
recebimento de propinas atribuído ao PMDB da Câmara.Rodrigo era apenas
um assessor pessoal do Presidente e não tinha nenhuma intervenção em
atividades financeiras, ao contrário da recente denúncia contra o PMDB
da Câmara. A defesa repudia veemente mais uma denúncia leviana de
Rodrigo Janot!!!"
COM A PALAVRA, DANIEL GERBER, QUE DEFENDE ELISEU PADILHA
Sobre
a denúncia por organização criminosa feita pelo procurador-geral da
República, Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal, contra o ministro
da Casa Civil, Eliseu Padilha, o advogado Daniel Gerber que defende o
ministro afirma: "Entendo como equivocada o oferecimento de uma denúncia
com base em delações que estão sob suspeita, mas iremos demonstrar nos
autos a inexistência da hipótese acusatória".
COM A PALAVRA, O ADVOGADO DELIO LINS E SILVA JÚNIOR, QUE DEFENDE EDUARDO CUNHA
Sobre
a nova denúncia oferecida pela PGR, a defesa de Eduardo Cunha tem a
dizer que provará no processo o absurdo das acusações postas, as quais
se sustentam basicamente nas palavras de um reincidente em delações que,
diferentemente dele, se propôs a falar tudo o que o Ministério Público
queria ouvir para fechar o acordo de colaboração.
COM A PALAVRA, MICHEL TEMER
O procurador-geral da República
continua sua marcha irresponsável para encobrir suas próprias falhas.
Ignora deliberadamente as graves suspeitas que fragilizam as delações
sobre as quais se baseou para formular a segunda denúncia contra o
presidente da República, Michel Temer. Finge não ver os problemas de
falta de credibilidade de testemunhas, a ausência de nexo entre as
narrativas e as incoerências produzidas pela própria investigação,
apressada e açodada. Ao fazer esse movimento, tenta criar fatos para
encobrir a necessidade urgente de investigação sobre pessoas que
integraram sua equipe e em relação às quais há indícios consistentes de
terem direcionado delações e, portanto, as investigações. Ao não cumprir
com obrigações mínimas de cuidado e zelo em seu trabalho, por
incompetência ou incúria, coloca em risco o instituto da delação
premiada. Ao aceitar depoimentos falsos e mentirosos, instituiu a
delação fraudada. Nela, o crime compensa. Embustes, ardis e falcatruas
passaram a ser a regra para que se roube a tranquilidade institucional
do país. A segunda denúncia é recheada de absurdos. Fala de pagamentos
em contas no exterior ao presidente sem demonstrar a existência de conta
do presidente em outro país. Transforma contribuição lícita de campanha
em ilícita, mistura fatos e confunde para tentar ganhar ares de
verdade. É realismo fantástico em estado puro. O presidente tem certeza
de que, ao final de todo esse processo, prevalecerá a verdade e, não
mais, versões, fantasias e ilações. O governo poderá então se dedicar
ainda mais a enfrentar os problemas reais do Brasil. (Secretaria
Especial de Comunicação Social da Presidência da República).
(por Estadao Conteudo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário