Brasília - Nas respostas enviadas à Polícia Federal
nesta quinta-feira, o presidente Michel Temer negou qualquer
favorecimento à empresa Rodrimar S/A por meio da edição do chamado
Decreto dos Portos. O presidente também afirmou não ter recebido
doações, contabilizadas ou não, de empresas do grupo Rodrimar.
Temer também afirma não ter feito qualquer pedido para
que recebessem em seu nome valores em retribuição à edição do decreto e
critica as perguntas feitas pela PF no interrogatório. "Nunca solicitei
que os srs. Rodrigo Rocha Loures, João Batista Lima Filho ou José Yunes
recebessem recursos em meu nome em retribuição pela edição de normas
contidas no Decreto dos Portos. Reitero a agressividade, o desrespeito
e, portanto, a impertinência, por seu caráter ofensivo, também dessa
questão, tal como das anteriores", escreveu.
Rodrigo Rocha Loures foi assessor de Temer, João
Batista Lima Filho é dono da empresa de engenharia Argeplan, e José
Yunes é amigo pessoal do presidente e trabalhou como seu assessor por
alguns meses.
O presidente também isenta os ministros da Casa Civil,
Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral da Presidência da República,
Moreira Franco, de responsabilidade sobre negociações para edição do
decreto. "Não repassei nenhuma orientação para os ministros Eliseu
Padilha e Moreira Franco sobre as matérias que deveriam ser tratadas e
abrangidas pelo Decreto dos Portos".
Em outra das 50 respostas enviadas à PF, Temer diz não
ter recebido ofertas para acrescentar no decreto dispositivos que
beneficiassem determinadas empresas e afirma que agiria com "enérgica
repulsa" diante de tal atitude. "Não recebi nenhuma oferta de valor para
inserir dispositivos mais benéficos no Decreto dos Portos, ainda que em
forma de doação de campanha eleitoral. Em tal hipótese, minha reação
seria de enérgica repulsa, seguida da adoção das medidas cabíveis".
Além de Temer, são investigados no mesmo inquérito o
ex-deputado Rodrigo Rocha Loures e os empresários Antônio Celso Grecco e
Ricardo Mesquita, donos da Rodrimar, empresa que atua no Porto de
Santos. Nas respostas enviadas, o presidente também disse não conhecer
Mesquita. Além disso, afirmou que encontrou Grecco na festa de um amigo e
que este não lhe fez nenhum pedido.
Após a abertura do inquérito, em setembro do ano
passado, a Rodrimar S/A declarou que nunca recebeu qualquer privilégio
do Poder Público e que o Decreto dos Portos atendeu a uma reivindicação
de todo o setor de terminais portuários do país. "Ressalte-se que não
foi uma reivindicação da Rodrimar, mas de todo o setor. Os pleitos, no
entanto, não foram totalmente contemplados no decreto, que abriu a
possibilidade de regularizar a situação de cerca de uma centena de
concessões em todo o país".
(Por
EBC)
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