O relatório final da Operação Cui Bono da Polícia Federal, responsável por investigar desvios na Caixa Econômica Federal, reforçou o envolvimento do presidente Michel Temer como cúmplice na compra do silêncio de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, e do operador Lúcio Funaro. As informações são do jornal O Globo.
A partir de uma delação do empresário Joesley Batista, da J&F, de maio de 2017, a PF teve acesso a uma gravação contendo uma conversa entre ele e o presidente da República, no Palácio do Jaburu, na qual ele, ao ouvir de Joesley sobre o empresário “estar bem”, responde: “Tem que manter isso aí, viu?”
Para o órgão investigador, esses são
“indícios suficientes de materialidade e autoria” atribuíveis a Michel
Temer. Para a PF, esse foi um incentivo do presidente para que
pagamentos fossem mantidos tanto para Cunha, quanto para Funaro, na
época presos, para continuarem firmes na decisão de não participarem da
delação premiada.
Joesley assumiu ter destinado R$ 5 mi a
Cunha, após sua prisão, em outubro de 2016. Os pagamentos a Funaro eram
mensais, no valor de R$ 400 mil. O empresário “asseverou que deu ciência
a Michel Temer” a respeito do repasse dos montantes e sobre “se
destinarem a garantir o silêncio” dos dois, “ao que sua Excelência
(Temer) teria recomendado a manutenção de tais repasses”, afirma o
relatório. Funaro fez um acordo e admitiu ter recebido dinheiro para
ficar em silêncio.
Devido às provas, houve uma denúncia da
Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer, barrada pela Câmara
dos Deputados. O processo voltará a tramitar quando terminar o mandato
do presidente.
Temer nega as acusações. Um dos seus
advogados, Eduardo Carnelós, usou a frase “tentativa de golpe” para
defender a inocência de seu cliente.
O documento da delação também traz a
informação da omissão por Temer em comunicar às autoridades sobre a
possível corrupção de juízes e integrantes do Ministério Público,
delatadas por Joesley Batista no Jaburu.
Segundo Joesley, ele estava “dando uma
segurada” em um juiz. Há indícios também de um procurador que estava
colaborando com informações a ele, na tentativa de substituir outro
procurador.
Temer, por sua vez, não condenou os relatos de crimes e,
depois, não mandou investigá-los.
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