Justiça impediu a posse no Ministério do Trabalho pelo fato de a deputada federal ter sido condenada em ações trabalhistas - Wilson Dias/Agência Brasil
Brasília - Indicada no início do ano pelo PTB para
assumir o Ministério do Trabalho, a deputada federal Cristiane Brasil é
apontada pela Procuradoria-Geral da República como suspeita de fazer
parte da organização criminosa que atuava na pasta para conceder ou
vetar registro de sindicatos de acordo com interesses nada republicanos.
A deputada foi alvo da segunda etapa da Operação Registro Espúrio nesta
terça-feira com três mandados de busca e apreensão em endereços em
Brasília e Rio de Janeiro.
Cristiane está está proibida de entrar no prédio do
Ministério do Trabalho por decisão do ministro Luiz Edson Fachin. Ela
também não pode manter contato com os demais investigados na ação da PF
que mira fraudes na Secretaria de Relações do Trabalho da pasta,
no âmbito da Operação Registro Espúrio.
A deputada, que só não assumiu o Ministério do Trabalho
por força de decisões judiciais, foi pega, segundo a PGR, em uma troca
de mensagens com um servidor da pasta, Renato Araújo Júnior, apontado
como atendedor dos desígnios do PTB na Secretaria de Relações do
Trabalho, o setor do ministério que cuidava dos registros sindicais.
"Além de orientar o servidor (Renato) em relação a como
agir na análise de pedidos, há inclusive mensagens que tratam da
cobrança de valores previamente combinados", afirmou a
Procuradoria-Geral da República em nota encaminhada após o cumprimento
da segunda etapa da operação nesta terça-feira. A PGR não tornou
públicas estas mensagens.
Um dos alvos da primeira etapa da operação, Renato
Araújo Júnior é um exemplo dentro do Ministério do Trabalho de ascensão
graças ao apoio do PTB. Responsável por elaborar notas técnicas em
relação a diversos pedidos de registro, ele trocou mensagens suspeitas
com diversos outros alvos da operação pelo aplicativo WhatsApp.
Meses depois de ouvir do presidente do partido, Roberto
Jefferson, pai de Cristiane, que "sua hora vai chegar", Renato chegou
ao posto de coordenador da Secretaria de Relações do Trabalho em abril.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a deputada
Cristiane Brasil afirmou que recebeu os procedimentos investigativos
com tranquilidade, pois não tem papel nas decisões tomadas pelo
Ministério do Trabalho, além das relações partidárias. "Espero que as
questões referentes sejam esclarecidas com brevidade e meu nome limpo",
disse a deputada.
Na primeira etapa da Registro Espúrio,
o pai de Cristiane, Roberto Jefferson, pivô do escândalo do Mensalão do
PT, teve seus endereços vasculhados pela PF. Também foram alvos os
gabinetes dos deputados Jovair Arantes (PTB), Paulinho da Força
(Solidariedade) e Wilson Filho (PTB). A sede da Força Sindical também
foi alvo da ação da PF, assim como escritórios de advocacia.
Todos são apontados como integrantes do núcleo político da suposta organização criminosa que atuava na pasta.
(Por
Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário