quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Renan articula para barrar renovação

CONGRESSO
Renan Calheiros evita anunciar oficialmente a candidatura, mas tenta acumular apoios no MDB para a disputa pela Presidência do Senado
Renan Calheiros evita anunciar oficialmente a candidatura, mas tenta acumular apoios no MDB para a disputa pela Presidência do Senado
      
Brasília (AE) - Mesmo se apresentando como um "novo Renan", o senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem se apoiado em velhos caciques do MDB no Senado e de fora dele - como o ex-presidente José Sarney - para tentar conquistar o comando da Casa pela quinta vez. Em reunião da bancada do partido nesta terça-feira, 29, o senador alagoano e seus aliados tentaram "enquadrar" sua principal adversária, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que tem defendido o voto aberto na eleição interna e ainda cogita disputar como candidata avulsa, se não conquistar o apoio da maioria da bancada.

A explicação é que Simone crê ter um cenário mais favorável para ela nas bancadas de outros partidos, enquanto Renan domina o cenário dentro do MDB. O receio de parte dos emedebistas, no entanto, é de que duas candidaturas do partido provoquem "fratura exposta" na sigla. Essas duas visões deram o tom no encontro da bancada. Ao lado de Renan se colocaram dois principais caciques da sigla: os senadores Jader Barbalho (PA) e Eduardo Braga (AM). Já Simone teve como escudeiros principais os senadores Marcio Bittar (AC), um dos recém-eleitos pelo partido, e Dario Berger (SC).

Ao chegar para a reunião, Jader rejeitou o discurso de "renovação", que tem sido base da candidatura de Simone, e disse que isso é "conversa fiada" de "iniciado" na política. "Esse negócio de velho ou novo é irrelevante, tem que ter é legitimidade", afirmou Jader.


A legenda deve definir apenas na quinta-feira, 31, se apostará em Renan ou se lançará Simone, mas as diferenças entre os dois ficaram evidentes até na coletiva de imprensa concedida ao final do encontro. Simone foi questionada se abriria mão da possibilidade de se lançar como candidata avulsa e respondeu de forma evasiva. "Nós não vamos discutir isso agora. Eu não falo mais pela liderança, quem fala agora pela liderança temporariamente...", dizia Simone antes de ser interrompida por Renan. "Descarta?", questionou o senador alagoano de forma repetida, que olhava fixamente para a colega de partido. A senadora de Mato Grosso do Sul deixou a coletiva antes de Renan e José Maranhão, que continuaram a responder os jornalistas.

Outro motivo de discórdia da reunião foi a decisão de Simone de defender o voto aberto para as eleições na Casa. Ao longo da reunião, Renan tentou convencer os colegas de que, se a votação não acontecer pelo voto secreto, o MDB perderá a Presidência da Casa. Simone, por outro lado, procurou defender que precisava, por uma questão de coerência com seu discurso político defender que a disputa aconteça em votação nominal, ou seja, quando aparece no painel como votou cada senador.

O senador Márcio Bittar demonstrou descrença com os debates na bancada. "O que eu posso fazer eu estou fazendo. Isso aqui, às vezes, desanima. Uma coisa que me chama atenção é que, quando você conversa no particular, fica claro uma simpatia maior da bancada pelo nome dela (Tebet), mas há um receio. Eu disse isso hoje. Que receio é esse?", disse. Outro que tem atuado a favor de Renan, apesar de não participar das discussões, é o atual presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE), que tem discursado contra a possibilidade do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) presidir as sessões preparatórias no dia da eleição.

O presidente do MDB, Romero Jucá (RR), disse que o partido deverá decidir somente na quinta-feira, 31, quem será o candidato do partido na disputa pela Presidência do Senado. Os debates começaram hoje, na liderança do MDB na Casa, e a bancada terá de deliberar se prefere Simone Tebet (MDB-MS) ou Renan Calheiros (MDB-AL), os dois nomes colocados.

"O MDB deverá definir seu candidato na quinta-feira. Não deveremos definir hoje um nome como candidato à presidência do Senado. É uma primeira reunião preparatória", disse ao chegar para o encontro. Questionado sobre como o partido fará no caso de divisão na bancada, Jucá admitiu a possibilidade dos membros do partido resolverem o impasse no voto. "Voto sempre é uma possibilidade, mas vamos primeiro conversar", complementou. 



(por:Renan Truffi/Agência Estado)

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