Gilmar Mendes trocou farpas com Luís Roberto Barroso e ouviu do ministro que é 'uma pessoa horrível, mistura do mal com o atraso e psicopatia' - Rosinei Coutinho/SCO/STF
Brasília - Os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar
Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizaram novo bate-boca
em plenário, com trocas de ofensas pessoais. A presidente da Corte,
ministra Cármen Lúcia, precisou suspender a sessão para acalmar os
ânimos.
Durante julgamento sobre a constitucionalidade ou não
de doações ocultas para campanhas eleitorais, Mendes fez críticas a
diversas decisões recentes do Supremo, inclusive a “manobra” que liberou
o aborto para grávidas com até três meses de gestação, ação relatada
por Barroso.
“Agora eu vou dar uma de esperto e vou conseguir a
decisão do aborto. De preferência com três ministros, que aí a gente
consegue com dois a um”, ironizou Mendes, em referência ao julgamento de
um habeas corpus, na Primeira Turma, no qual a decisão do aborto foi
tomada.
“Vossa Excelência me deixe fora desse seu mau
sentimento. Você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com o atraso e
pitadas de psicopatia. Isso não tem nada a ver com o que está sendo
julgado”, reagiu Barroso, com a voz elevada.
“É um absurdo [que] Vossa Excelência faça um comício
aqui, para falar grosserias. Vossa Excelência não consegue articular um
argumento. Fica procurando. Já ofendeu a presidente, já ofendeu o
ministro Fux, agora chegou a mim. A vida, para Vossa Excelência, é só
ofender as pessoas, não tem nenhuma ideia. Nenhuma. Nenhuma!”,
acrescentou Barroso.
Cármen Lúcia resolveu então interromper a sessão, mas
antes Gilmar Mendes soltou mais uma provocação ao microfone dirigida ao
ministro Barroso: "o senhor deveria fechar seu escritório de advocacia",
disse.
Essa não a primeira vez que os dois ministros
protagonizam um bate-boca acalorado em plenário. Ambos têm se colocado
como antagonistas na Corte. Por um lado, Barroso defende uma postura
mais assertiva do Judiciário, que segundo ele deveria suprir lacunas
deixadas pelo Legislativo e Executivo, ao mesmo tempo em que deve ser
mais rígido no âmbito criminal.
Mendes, em campo oposto, defende que o Judiciário deve
ter um maior cuidado com a independência entre os Poderes da República, e
também que os ministros do Supremo devam observar uma maior garantia de
direitos individuais e do devido processo legal em ações penais.
(Por
O Dia)
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