VIAGEM OFICIAL
Mauricio Macri, presidente da Argentina se encontrará com o presidente
do Brasil, Jair Bolsonaro (Adriano Machado/Reuters - Alan Santos/PR)
O presidente Jair Bolsonaro realizará, nesta quinta-feira 6, sua primeira visita oficial à Argentina, onde discutirá com o presidente do país, Mauricio Macri, uma densa agenda de assuntos políticos, comerciais e regionais.
A viagem será marcada por protestos convocados
por movimentos políticos, sociais e sindicais da Argentina, que afirmam
que o “ódio” de Bolsonaro “não é bem-vindo” no país.
Bolsonaro sairá de Brasília na própria quinta-feira e, após fazer uma
oferenda floral no monumento do general José de San Martín, pai da
pátria argentina, se reunirá a sós com Macri na Casa Rosada.
A pauta da conversa entre os dois abrangerá uma série de assuntos
bilaterais, com ênfase na cooperação em defesa, ciência e tecnologia,
energia e mineração. Mas o foco da reunião deve ser a situação do Mercosul e a crise da Venezuela.
Sobre o Mercosul, eles devem discutir um processo de modernização do
mecanismo de integração que busque reduzir as barreiras comerciais e as
negociações entre o bloco e a União Europeia, que já duram duas décadas,
mas avançaram nas últimas rodadas de negociação.
Já quanto a Venezuela, porta-vozes dos dois governos disseram à
Agência Efe que a Argentina e o Brasil, membros do Grupo de Lima, têm a
“mesma sensibilidade” e o “mesmo desejo” que “haja uma normalização
democrática” no país, com a convocação de eleições livres para pôr fim
ao governo de Nicolás Maduro.
“Maduro não é quem manda. Maduro é hoje um fantoche na Venezuela. (…)
Tem que haver fissura na cúpula do Exército venezuelano. Até que isso
não ocorra, esse assunto não acabará”, disse Bolsonaro em entrevista
divulgada no sábado pelo jornal argentino La Nación.
Macri, que visitou o Brasil no
último dia 16 de janeiro, e Bolsonaro depois terão uma reunião ampliada
com a presença de vários ministros. O encontro será finalizado com uma
declaração dos presidentes à imprensa, sem perguntas de jornalistas.
Bolsonaro se reunirá posteriormente com as autoridades do Congresso e
da Corte Suprema de Justiça. Depois, irá a um almoço que será oferecido
por Macri no Museu do Bicentenário.
À tarde, Bolsonaro participará do encerramento de um seminário da
indústria da defesa na sede da embaixada do Brasil em Buenos Aires e se
encontrará com empresários argentinos em um hotel da capital.
Enquanto isso, na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, as
organizações do movimento #ArgentinaRejeitaBolsonaro darão início aos
protestos contra o presidente brasileiro, acusado por elas de fazer uma
“contínua apologia à tortura e à discriminação”.
Fontes do governo brasileiro ouvidas pela Agência Efe minimizaram a
importância dos protestos ao destacar que “as manifestações são normais
em uma democracia”.
Bolsonaro chega à Argentina em um momento no qual o clima político
local está agitado pela definição de candidaturas para as primárias de
agosto, que definirão as chapas que disputarão as eleições presidenciais
de outubro.
Na entrevista ao jornal “La Nación”, Bolsonaro disse que espera que
os argentinos “elejam um candidato de centro-direita” e alertou sobre o
“risco” da volta de Cristina Kirchner ao poder.
Esta não foi a primeira vez que Bolsonaro critica a ex-presidente
argentina, que será candidata à vice na chapa de Alberto Fernández.
A visita de Bolsonaro também ocorre em um momento crítica para a
Argentina, que está imersa em uma crise econômica desde o ano passado,
com altos índices de inflação.
A Argentina registrou nos cinco primeiros meses deste ano um saldo
positivo de 211 milhões de dólares no comércio com o Brasil, maior
parceiro do país.
No entanto, em maio, a Argentina comprou US$ 127 milhões a mais do
que vendeu, gerando temor que se repita o déficit de 4,2 bilhões de
dólares registrado na balança comercial com o Brasil em 2018.
(Com EFE)
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