DESATIVAÇÃO
Há cerca de dois meses, apenas, o Hospital Ruy Pereira foi denominado
de referência para atendimento de pacientes vasculares
O Hospital Estadual Ruy Pereira dos Santos, referência no Rio Grande do
Norte em cirurgias vasculares e principal destino de pessoas em
tratamento para problemas como o “pé diabético”, com 80 leitos clínicos
de enfermaria e 10 leitos de UTI, vai encerrar as atividades no próximo
dia 31 de agosto. O hospital tem quase a metade dos leitos de enfermaria
do Walfredo Gurgel, maior unidade hospitalar do Estado, com 182 vagas.
Através de nota oficial distribuída por sua assessoria de imprensa, a
Secretaria Estadual de Saúde afirma que a proposta “é distribuir os
leitos existentes em outros hospitais da rede estadual de saúde”, como
Hospital Giselda Trigueiro na zona Oeste de Natal, Hospital José Pedro
Bezerra (zona Norte) e anexo do Hospital João Machado no bairro de Lagoa
Nova, embora não detalhe como será a redistribuição e nem mesmo se já
há autorização do Ministério da Saúde para este remanejamento.
O
Hospital Ruy Pereira, que foi inaugurado em outubro de 2010 e funciona
no prédio do antigo Itorn no bairro de Petrópolis, possui um centro
cirúrgico com três salas; o ambulatório especializado atende 20 pessoas
em média por dia; admite a internação de cerca de 100 a 120 pacientes
por mês; e em maio registrou 209 procedimentos cirúrgicos realizados em
maio. O Estado paga R$ 200 mil mensais de aluguel pelo uso do imóvel,
cujo contrato vence no fim do mês de agosto.
Ainda conforme a
nota da Sesap, os hospitais listados “deverão absorver a demanda de
clínica vascular, ou seja, pacientes com complicações clínicas a serem
sanadas antes do procedimento cirúrgico; além de atender os pacientes
que necessitam concluir o tratamento pós-operatório com o uso de
antibiótico em ambiente hospitalar”.
Segundo a Secretaria, “desde
o início do ano” a pasta vem realizando estudos para “o reordenamento
do fluxo de atendimento aos pacientes vasculares de forma regionalizada e
qualificada, mantendo a quantidade de procedimentos realizados e
garantindo os leitos de retaguarda clínica”.
Porém, ainda não é
possível dimensionar o tamanho do impacto no Sistema Único de Saúde
(SUS). A promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público do RN, que
deverá avaliar esse impacto, não foi informada previamente sobre a
decisão da Sesap em desativar o Ruy Pereira. Para efeito comparativo, o
Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, a maior e mais importante unidade
hospitalar do RN, possui 182 leitos de enfermaria e 45 leitos de UTI.
A
titular da 47ª Promotoria de Justiça (de Defesa da Saúde), Iara
Pinheiro de Albuquerque, adiantou que o fechamento da unidade será tema
de pauta durante audiência judicial entre Sesap e o MPRN agendada para
essa próxima sexta-feira (7). A promotora lembrou que a audiência foi
“requerida há cerca de um mês” dentro de uma ação que trata de
deficiências na assistência cirúrgica vascular: “Na época ainda não
havia essa informação sobre a desativação do Hospital Ruy Pereira”,
assegurou.
‘Perspectiva é melhorar’
A Secretaria
Estadual de Saúde Pública (Sesap) acrescentou, também através da
assessoria de imprensa, que a desativação do Hospital Ruy Pereira “está
sendo redefinida dentro da proposta para estruturação da linha do
cuidado com o 'pé diabético', considerando que (a unidade hospitalar)
funciona em prédio alugado com estrutura não adequada. O objetivo é
melhorar a qualidade do serviço prestado aos usuários do SUS”.
Conforme
a nota da Sesap, os profissionais que atuam no Ruy Pereira “deverão ser
distribuídos” nos hospitais já listados para receber os leitos que
serão realojados. No anexo do Hospital João Machado, por exemplo, serão
acomodados os pacientes que aguardam por cirurgia no Hospital Walfredo
Gurgel.
Vale lembrar que em março deste ano, após o atendimento
de pacientes vasculares ser retirado do Hospital Walfredo Gurgel, o
número de pacientes à espera de atendimento nos corredores da unidade
foi zerado. Por outro lado, a demanda no Ruy Pereira aumentou depois da
transferência com um acréscimo de 63% nas cirurgias – em janeiro foram
realizados 110 procedimentos; em fevereiro aumentou para cerca de 170.
“Acredito
que essas mudanças propostas pela Sesap estão embasadas em um
planejamento, cuja perspectiva é melhorar o atendimento. Atualmente o
Ruy Pereira recebe pacientes de todas as regiões do RN, de todos os
municípios, por isso vejo como positivo trabalhar no sentido da
regionalização do atendimento”, avaliou Graciliano Sena, assessor
técnico do Hospital Ruy Pereira.
(Por:TN)
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