quarta-feira, 5 de junho de 2019

Hospital Estadual Ruy Pereira encerra atendimentos em agosto.Hospital com 80 leitos será fechado

DESATIVAÇÃO
 Há cerca de dois meses, apenas, o Hospital Ruy Pereira foi denominado de referência para atendimento de pacientes vasculares
 Há cerca de dois meses, apenas, o Hospital Ruy Pereira foi denominado de referência para atendimento de pacientes vasculares 

O Hospital Estadual Ruy Pereira dos Santos, referência no Rio Grande do Norte em cirurgias vasculares e principal destino de pessoas em tratamento para problemas como o “pé diabético”, com 80 leitos clínicos de enfermaria e 10 leitos de UTI, vai encerrar as atividades no próximo dia 31 de agosto. O hospital tem quase a metade dos leitos de enfermaria do Walfredo Gurgel, maior unidade hospitalar do Estado, com 182 vagas. 

Através de nota oficial distribuída por sua assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual de Saúde afirma que a proposta “é distribuir os leitos existentes em outros hospitais da rede estadual de saúde”, como Hospital Giselda Trigueiro na zona Oeste de Natal, Hospital José Pedro Bezerra (zona Norte) e anexo do Hospital João Machado no bairro de Lagoa Nova, embora não detalhe como será a redistribuição e nem mesmo se já há autorização do Ministério da Saúde para este remanejamento.

O Hospital Ruy Pereira, que foi inaugurado em outubro de 2010 e funciona no prédio do antigo Itorn no bairro de Petrópolis, possui um centro cirúrgico com três salas; o ambulatório especializado atende 20 pessoas em média por dia; admite a internação de cerca de 100 a 120 pacientes por mês; e em maio registrou 209 procedimentos cirúrgicos realizados em maio. O Estado paga R$ 200 mil mensais de aluguel pelo uso do imóvel, cujo contrato vence no fim do mês de agosto.

Ainda conforme a nota da Sesap, os hospitais listados “deverão absorver a demanda de clínica vascular, ou seja, pacientes com complicações clínicas a serem sanadas antes do procedimento cirúrgico; além de atender os pacientes que necessitam concluir o tratamento pós-operatório com o uso de antibiótico em ambiente hospitalar”.

Segundo a Secretaria, “desde o início do ano” a pasta vem realizando estudos para “o reordenamento do fluxo de atendimento aos pacientes vasculares de forma regionalizada e qualificada, mantendo a quantidade de procedimentos realizados e garantindo os leitos de retaguarda clínica”.

Porém, ainda não é possível dimensionar o tamanho do impacto no Sistema Único de Saúde (SUS). A promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público do RN, que deverá avaliar esse impacto, não foi informada previamente sobre a decisão da Sesap em desativar o Ruy Pereira. Para efeito comparativo, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, a maior e mais importante unidade hospitalar do RN, possui 182 leitos de enfermaria e 45 leitos de UTI.

 A titular da 47ª Promotoria de Justiça (de Defesa da Saúde), Iara Pinheiro de Albuquerque, adiantou que o fechamento da unidade será tema de pauta durante audiência judicial entre Sesap e o MPRN agendada para essa próxima sexta-feira (7). A promotora lembrou que a audiência foi “requerida há cerca de um mês” dentro de uma ação que trata de deficiências na assistência cirúrgica vascular: “Na época ainda não havia essa informação sobre a desativação do Hospital Ruy Pereira”, assegurou.

‘Perspectiva é melhorar’
A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) acrescentou, também através da assessoria de imprensa, que a desativação do Hospital Ruy Pereira “está sendo redefinida dentro da proposta para estruturação da linha do cuidado com o 'pé diabético', considerando que (a unidade hospitalar) funciona em prédio alugado com estrutura não adequada. O objetivo é melhorar a qualidade do serviço prestado aos usuários do SUS”.

Conforme a nota da Sesap, os profissionais que atuam no Ruy Pereira “deverão ser distribuídos” nos hospitais já listados para receber os leitos que serão realojados. No anexo do Hospital João Machado, por exemplo, serão acomodados os pacientes que aguardam por cirurgia no Hospital Walfredo Gurgel.

Vale lembrar que em março deste ano, após o atendimento de pacientes vasculares ser retirado do Hospital Walfredo Gurgel, o número de pacientes à espera de atendimento nos corredores da unidade foi zerado. Por outro lado, a demanda no Ruy Pereira aumentou depois da transferência com um acréscimo de 63% nas cirurgias – em janeiro foram realizados 110 procedimentos; em fevereiro aumentou para cerca de 170.

“Acredito que essas mudanças propostas pela Sesap estão embasadas em um planejamento, cuja perspectiva é melhorar o atendimento. Atualmente o Ruy Pereira recebe pacientes de todas as regiões do RN, de todos os municípios, por isso vejo como positivo trabalhar no sentido da regionalização do atendimento”, avaliou Graciliano Sena, assessor técnico do Hospital Ruy Pereira.



(Por:TN)

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