NA SEDE DA PETROBRAS
Torre Pituba, sede da Petrobras em Salvador, é alvo de investigação
- Reprodução/Google Street View
O juiz da 1ª Vara Federal de Curitiba determinou o bloqueio de R$ 18
milhões do Partido dos Trabalhadores (PT), resguardados os recursos do
fundo partidário, no âmbito da Operação Lava Jato. A decisão é do dia
24, e também impõe constrição de R$ 400 milhões a marqueteiros,
empreiteiros, e construtoras por supostas fraudes na Torre de Pituba,
sede da Petrobrás em Salvador. A decisão se dá no âmbito de ação civil
pública. Paralelamente, 18 são acusados na Justiça Criminal.
Segundo
a Procuradoria da República no Paraná, a "ação civil pública foi
proposta em 16 de dezembro de 2019 pela Lava Jato com pedido de
responsabilização por atos de improbidade administrativa contra a
Construtora OAS, Partido dos Trabalhadores e 23 pessoas físicas". "Essa é
a terceira ação cível contra legendas políticas na primeira instância,
sendo que em 2018 o pedido de responsabilização foi do Partido
Socialista Brasileiro (PSB) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB),
enquanto que em 2017 foi do Partido Progressista (PP)".
"O valor
total dessa causa é de R$ 788.528.696,40 e diz respeito à prática
criminosa de atos que geraram enriquecimento ilícito, causaram prejuízo
ao erário e atentaram contra os princípios da administração pública, com
pagamento de vantagens indevidas referentes à obra realizada para a
ampliação das instalações da nova sede da Petrobras em Salvador (BA). O
imóvel, denominado Torre Pituba/Prédio Itaigaral, é de propriedade da
Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros)", afirma a Lava Jato.
De
acordo com a força-tarefa, as "investigações reuniram elementos
evidenciando que as contratações das empresas Mendes Pinto Engenharia,
Odecrecht e OAS para a ampliação das instalações do conjunto Pituba
viabilizaram o pagamento de vantagens indevidas para agentes públicos da
Petrobras, dirigentes da Petros e agentes políticos ligados ao Partido
dos Trabalhadores (PT), além de terceiros associados a eles". "Dentre
eles está Renato Duque, que então comandava a Diretoria de Serviços da
estatal, que se comprometeu a locar o imóvel da Petros por 30 anos".
"Além
de Duque, OAS e PT, a ação foi oferecida contra Armando Ramos Tripodi,
Carlos Alberto Ribeiro de Figueiredo, Gilson Alves de Souza, Antônio
Sérgio Oliveira Santana, Wagner Pinheiro de Oliveira, Newton Carneiro da
Cunha, Luís Carlos Fernandes Afonso, Carlos Fernando Costa, Rodrigo de
Araújo Silva Barretto, Ricardo Santos Caneiro, Irani Rossini de Souza,
André Pedreira de Freitas Sá, Francisco Alberto da Mota Santos, espólio
de César de Araújo Mata Pires Filho, José Aldemário Pinheiro Filho,
Manuel Ribeiro Filho, Elmar Juan Passos Varjão Bonfim, José Nogueira
Filho, André Luiz Bastos Petitinga, João Vaccari Neto, Marice Correa de
Lima e Valdemir Flávio Pereira Garreta", afirma a força-tarefa.
Segundo
a Procuradoria, a "ação aponta que o empreendimento da Torre Pituba,
cuja obra havia sido originalmente estimada na ordem de R$ 320 milhões,
em abril de 2008, sofreu grandes alterações e foi objeto de aditivos
contratuais que fizeram os custos apenas da construção quase que
dobrarem, atingindo R$ 588 517.509,47".
"Esse valor, somado às
contratações associadas, resultou no custo total de R$ 816.480.288,81 em
novembro de 2010. Em valores atualizados para dezembro de 2019, os
valores apenas da obra atingiram R$ 1.250.053.793,19, ao passo que os
custos totais do empreendimento da Torre Pituba remontam a R$
1.366.180.643,45", diz a Lava Jato.
Os pedidos do MPF incluíam a
condenação solidária ao ressarcimento ao erário no valor de R$
197.132.174,10, em razão dos prejuízos causados à Petrobras e à Petros e
danos morais coletivos, pagos de forma solidária, no valor integral do
dano causado. Além de multa civil individual de duas vezes o valor do
dano apurado, totalizando R$ 394.264.348,20, que será indisponibilizado
em bens e valores dos réus.
"Para além das mais de cem denúncias
criminais propostas em cinco anos, a Lava Jato mostra que os caminhos da
corrupção são múltiplos e procura punir os responsáveis em todas suas
esferas. Essa é a 11ª ação de improbidade administrativa oferecida pela
força-tarefa", afirma o procurador da República, Felipe D'Elia Camargo.
Fase
e denúncia criminal aconteceram em 2018 - Em 19 de dezembro de 2018,
uma denúncia criminal foi oferecida pela força-tarefa Lava Jato por
conta do esquema criminoso envolvendo o mesmo empreendimento, que também
foi alvo da deflagração da 56ª fase da Lava Jato, em 23 de novembro,
com o cumprimento de prisões e buscas e apreensões. Entre os crimes
cometidos que constam na denúncia estão corrupção, lavagem de dinheiro,
gestão fraudulenta, desvios de recursos de instituição financeira
(Petros) e organização criminosa. As investigações apontaram que as
contratações fraudulentas e pagamentos de vantagens indevidas no esquema
se estendeu de 2009 a 2016.
MDB e PSB
Em
18 de dezembro de 2018, a força-tarefa e a Petrobras ajuizaram, em
conjunto, ação civil pública com pedido de responsabilização por atos de
improbidade administrativa contra o Partido Socialista Brasileiro
(PSB), o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), cinco políticos e
outras doze pessoas físicas e jurídicas. Na ação proposta, foi descrito o
funcionamento de dois esquemas de desvios de verbas da Petrobras, um
envolvendo contratos vinculados à diretoria de Abastecimento,
especialmente contratos firmados com a construtora Queiroz Galvão,
individualmente ou por intermédio de consórcios, e outro referente ao
pagamento de propina no âmbito da CPI da Petrobras em 2009. Essas
atividades ilícitas foram enquadradas nas três modalidades de
improbidade, mas se pediu que sejam aplicadas as sanções mais graves,
referentes às situações que geram enriquecimento ilícito, e
subsidiariamente as demais sanções. O valor total pedido pelo MPF na
causa totalizava R$ 3.454.727 308,06 na época. Essa ação de improbidade
administrativa tramita sob o número 5057144-14.2018.404.7000.
Partido Progressista
Já
em 2017, a Lava Jato ajuizou, em 22 de março de 2017, ação de civil
pública com pedido de responsabilização por atos de improbidade
administrativa em face do Partido Progressista (PP), dez políticos e um
ex-assessor. Na ação proposta, foi descrito o funcionamento de dois
esquemas de desvios de verbas da Petrobras, um envolvendo contratos
vinculados à Diretoria de Abastecimento, e outro referente aos
benefícios obtidos decorrentes da atuação da Diretoria de Abastecimento
em prol dos interesses da Braskem, empresa do Grupo Odebrecht,
especialmente no contrato de comercialização de nafta entre a estatal e a
referida empresa petroquímica. Essas atividades ilícitas foram
enquadradas nas três modalidades de improbidade, mas se pediu que sejam
aplicadas as sanções mais graves, referentes às situações que geram
enriquecimento ilícito, e subsidiariamente as demais sanções. Essa ação
tramita sob o número 5006674-13 2017.404.7000.
Ações de
improbidade administrativa são demandas que objetivam responsabilizar
agentes públicos por desvios de conduta definidos em lei, assim como
particulares que concorrem para o ato. A Lei 8.429/92 prevê,
basicamente, três tipos de atos de improbidade, com diferentes sanções:
os que importam enriquecimento ilícito, os que causam dano ao Erário e
aqueles que atentam contra princípios da administração pública.
(Por:Estadão Conteúdo)
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