COVID-19
Presidente da República, Jair Bolsonaro e ministro da Saúde, Henrique Mandetta - Isac Nóbrega/PR
Ao prever semanas "duríssimas" no Brasil em razão da pandemia do novo
coronavírus, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltou a se
contrapor aos questionamentos do presidente Jair Bolsonaro dizendo que é
um médico que trabalha Brasil. "O compromisso do médico é com o
paciente. E o paciente agora é o Brasil", disse Mandetta durante
coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.
O ministro da Saúde
comparou a postura de Bolsonaro com a de um familiar do paciente que
questiona a abordagem médica e busca uma segunda opinião para saber como
agir. "Cabe ao paciente, representado pelo presidente, dizer se a
conduta adotada é interessante", afirmou o ministro.
Mandetta
falou sobre o assunto ao ser questionado sobre a postura de Bolsonaro de
criticá-lo publicamente durante a crise. Ontem, o presidente disse que
ele e o ministro da Saúde "não estão se bicando há algum tempo".
Hoje,
questionado se pode deixar a pasta, Mandetta respondeu que não tomará a
decisão por vontade própria, a menos que Bolsonaro "use a caneta" para
demiti-lo. "Um médico não abandona o paciente", declarou.
Para
ele, a posição do presidente é de alguém que se preocupa com a situação
econômica mais carentes, mas rebateu que esse é um ponto que deve ser
resolvido com políticas sociais. Ainda sobre o assunto, Mandetta
ressaltou que o Brasil é um dos que mais tem investido proporcionalmente
no combate aos efeitos da covid-19.
"É normal que quem tem amor
pelo Brasil, como é o caso do presidente Bolsonaro, se preocupe e
questione as decisões", afirmou Mandetta. "Da minha parte, isso é muito
tranquilo", minimizou em outro momento.
Mandetta disse que "não é
dono da verdade" e que está buscando medidas baseadas na opinião de
médicos experientes. Ele citou como exemplo a situação de países como
Itália e Espanha, que enfrentam colapso no sistema de saúde. "Minha
posição é de cautela. Todos que passaram por isso na marcha rápida
tiveram colapso", avaliou.
Mesmo diante das críticas que
Bolsonaro tem feito aos Estados, Mandetta recomendou que a população
siga as orientações dos governadores sobre medidas de isolamento,
inclusive para decidir se vão participar de manifestações, o que iria
contra orientações de entidades da saúde. "Teremos 20 semanas
duríssimas. Passamos pelas quatro ou cinco primeiras semanas. Teremos
semanas duras em abril e duríssimas em maio", disse.
(Por:Estadão Conteúdo)
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