APODÍ/RN
Em meio a grande crise no Sistema Penitenciário do Rio Grande do
Norte, um personagem vem se destacando, não de forma negativa, mas pela
sua passividade diante do momento caótico do sistema prisional do
estado.
Quando se fala em presídios, já imaginamos os corredores escuros de
paredes riscadas e de grades no chão, como nas grandes unidades
prisionais destruídas pela insatisfação daqueles que outrora foram
agressores e que hoje se encontram agredidos moralmente, enquanto buscam
a ressocialização e novas oportunidades na sociedade.
Apesar
dessa gravura aterrorizante, a 342 km da capital Potiguar, o Centro de
Detenção Provisória de Apodi tem protagonizado a novela da “Esperança do
Sistema Prisional”, onde, há cerca de seis anos, o CDP vem se mostrando
inverso à crise e às estatísticas de mortes e rebeliões.
Em entrevista ao programa Meio Dia Cidade, do apresentador Bruno
Giovanni, o Procurador do Estado e então Secretário de Justiça e
Cidadania, Dr. Cristiano Feitosa, classificou como excelente a gestão do
CDP de Apodi, que está cumprindo um bom papel quanto às atividades de
ressocialização. Ele disse ainda que irá conversar com a atual diretoria
para entender a metodologia de trabalho naquele presídio.
Diante das constantes afirmações sobre o excelente trabalho
desempenhado em tal unidade prisional, o Portal 190rn.com entrou em
contato com o Diretor do CDP, o Agente Penitenciário Márcio Morais, que
nos apresentou todas as atividades que são realizadas pelos detentos.
“O
CDP de Apodi existe há quase seis anos, com a capacidade para 25
detentos. Hoje, recebe 80 detentos no regime fechado e 17 do regime
semiaberto, que participam de diversas atividades, como a limpeza de
escolas e hospitais e, atualmente, estão construindo o Centro Cirúrgico
da Maternidade. Aqui na unidade, todos participam tanto das atividades
como das aulas, que ocorrem nos períodos da manhã e tarde, além de
missas e cultos, que são periódicos, e palestras educativas. No nosso
presídio, não existem fugas, rebeliões, nem mortes, tudo conquistado
através do respeito ao preso e à família deste apenado, garantindo
dignidade ao mesmo. Com a concessão de benefícios, nós também recebemos o
respeito e o comportamento interno” destacou Márcio Morais.
O
Presidente do Conselho dos Direitos Humanos, Dr. Marcos Dionísio,
visitou o presídio-modelo do Rio Grande do Norte e também elogiou o CDP.
“Estive no segundo semestre de 2013 naquela unidade e fiquei
impressionado com o que encontrei. Porém, depois da ampliação, as
notícias são as melhores possíveis. O fato daquela unidade não estar
inserida nesse período conturbado do sistema prisional, é uma prova
incontestável de que lá o trabalho está sendo realizado corretamente.
Ele deveria servir como modelo para os outros Centros de Detenções,
sobretudo a forma de não depender do Estado para a ampliação. Essa
iniciativa mostra que, se mesmo em dificuldade o gestor elege como
prioridade resolver os problemas, é possível fazer algo diferente”.
Ele ainda falou sobre um dos ápices da sua visita ao CDP de Apodi:
“Assim que cheguei, no início da manhã, encontrei em uma sala de aula,
uma professora ministrando um curso de alfabetização e como recursos
deste ensino, as poesias de Carlos Drummond de Andrade e Manuel
Bandeira, e são essas oportunidades que devem ser dadas no restante do
sistema”, disse Marcos Dionízio em entrevista ao 190rn.
O Centro de Detenção Provisória de Apodi mostra que a paz nas prisões
do nosso estado não é algo impossível de acontecer. É necessário apenas
o empenho e a efetivação das decisões a serem tomadas e que essas
mudanças não dependam exclusivamente do Estado. A participação dos
diretores de unidades, agentes penitenciários, Ministério Público,
Pastoral Carcerária, Poder Judiciário, iniciativa privada e da Sociedade
Civil Organizada também é necessária para que a ressocialização ocorra
efetivamente.
Fotos das atividades:
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