APOIO AS FAMÍLIAS
Lucas Matheus, de 8 anos, Alexandre da Silva, de 10 anos, que são
primos, e Fernando Henrique, de 11, sumiram no dia 27 de dezembro de
2020.
Rio - O Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos se comprometeu a prestar apoio às famílias de Lucas
Matheus da Silva, de 8 anos, Alexandre da Silva, de 10, e Fernando
Henrique Soares, de 11: as três crianças de Belford Roxo, na Baixada
Fluminense, que estão desaparecidas desde o dia 27 de dezembro. A
ministra Damares Alves conversou com os parentes dos jovens por
videoconferência, na manhã desta terça-feira, durante reunião na sede da
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos
(SEDSODH). Segundo ela, três secretários da pasta estão a caminho do Rio
para acompanhar as investigações do caso.
"Contem com a nossa ajuda. Os secretários estão indo
para o Rio para, mais do que prestar apoio a vocês no que precisarem,
buscar a verdade e contribuir para que os culpados sejam punidos. Vamos
trabalhar nisso", disse a ministra Damares Alves.
Ela também comentou sobre a possibilidade de oferecer
moradia às famílias fora da comunidade do Castelar. Ao longo das
investigações, os agentes levantaram a possibilidade de traficantes da
região estarem envolvidos no crime. As investigações seguem em
andamento.
A oferta de moradia fora do Castelar também foi feita
pelo secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos,
Bruno Dauaire, logo no começo do encontro.
"Estamos vendo uma forma de encaminhar vocês, caso queiram, para
inserção no programa Aluguel Social, porque temos visto muitos casos
semelhantes cujas famílias não querem retornar para o local onde vivem",
afirmou o secretário.
Durante o encontro, Dauaire firmou outros
compromissos com os familiares: colocar um veículo da secretaria à
disposição para que possam ter condições de comparecer às consultas com
os psicólogos, acompanhar as investigações junto à Polícia Civil e
estreitar relações com os parentes por meio da Superintendente de
Pessoas Desaparecidas, Jovita Belfort, que passou pela mesma situação
das famílias de Belford Roxo. Há 17 anos, ela não tem notícias de filha,
Priscila, que desapareceu quando tinha 28 anos.
"Vamos estar próximos daqui para frente, trabalhando
pelo objetivo de encontrar essas crianças", disse Dauaire, que, durante o
encontro, trocava mensagens com o secretário de Polícia Civil, Allan
Turnowski.
A Dauaire, Turnowski disse que a polícia aguarda o
resultado do exame de DNA que compara o material genético das mães das
crianças com as roupas sujas de sangue encontradas na casa de um vizinho
da família, na comunidade do Castelar.
"Ele também me disse que há buscas em andamento pelo
filho de vocês", disse Dauaire aos parentes, acrescentando que irá
agendar uma reunião entre as famílias e Allan Turnowski.
INVESTIGAÇÕES
Procurada pelo DIA, a Polícia Civil
informou que as investigações e as buscas pelas crianças prosseguem.
Segundo a nota da instituição, os investigadores estiveram em cerca de
40 lugares e analisaram imagens de mais de 40 câmeras na tentativa de
localizar os garotos, além de colher depoimentos de parentes e
testemunhas. As buscas aconteceram no Rio, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e
em outros locais apontados pelos familiares.
Segundo a Polícia Civil, três operações foram
realizadas em Belford Roxo para mapear a área e coletar informações que
possam ajudar a localizar os garotos. As investigações estão sob
responsabilidade de Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
"Em uma delas, na comunidade Castelar, agentes da
DHBF e da Polícia Militar realizaram diligências para identificar
integrantes da organização criminosa que atua na localidade, trabalhando
uma linha de investigação sobre possível participação de traficantes da
região no desaparecimento. A suspeita foi cogitada após levantamento de
informações e depois que criminosos torturaram um homem, indicando
falsamente ser o responsável pelo desaparecimento dos meninos e
imputando sua captura aos moradores", diz a nota da Polícia Civil, que
acrescenta:
"Além disso, os traficantes incitaram a população a atear fogo em um
ônibus como forma de desviar o foco das investigações. Na ocasião, três
pessoas foram presas por policiais civis da 54ª DP (Belford Roxo). A
DHBF também coletou material genético dos familiares para armazenamento
em banco de dados e análise de DNA".
FAMILIARES DIZEM TER ESPERANÇA
Após a reunião da manhã desta terça-feira, os familiares disseram ter renovado as esperanças de encontrar as crianças. "Agradecemos o apoio de todos que puderem ajudar.
Acreditamos que ainda vamos encontrar as crianças vivas", disse a avó de
Lucas Manhães Silva e Alexandre da Silva, Silvia Regina da Silva, de 58
anos.
"Nossa esperança agora aumenta um pouco", disse Rana Jéssica da Silva, de 31 anos, mãe de Alexandre. Mãe de Fernando Henrique Soares, Tatiana da Conceição, de 31 anos, pediu justiça.
"Queremos Justiça. Precisamos de ajuda para encontrar essas crianças. Não vamos desistir", disse.
PROFESSORA DE ALEXANDRE ACOMPANHA O CASO
Professora de Alexandre na Escola Municipal Priscila
Bouças Vilanova,no Castelar, Vanusa Cândido do Carmo, que também é
advogada, acompanhou os familiares na reunião. Ela comentou sobre o
comportamento do menino na escola.
"Ele sempre foi tranquilo, bem calmo, e muito assíduo
às aulas. Tinha bastante dificuldade de aprendizado, mas, fora isso,
nunca apresentou maiores problemas na escola. O material escolar estava
sempre bem arrumado, assim como o uniforme, e a mãe sempre comparecia à
escola", disse a professora, que deu aulas para Alexandre por dois anos
consecutivos.
DADOS DE DESAPARECIDOS
Na reunião, Jovita Belfort destacou que o número de
desaparecidos no Estado do Rio, em 2019, foi maior do que de homicídios
dolosos. Foram 3.997 de janeiro a outro outubro, contra 3.342
assassinatos no mesmo período. Os dados são do Instituto de Segurança
Pública (ISP).
"Em 2020, os números ainda não estão consolidados, pois a pandemia atrapalhou os registros", comentou Jovita.
Na cidade do Rio, 2009 teve 2.009 casos de
desaparecimento. Em 2020, foram 1.331 até novembro. Já a Baixada
Fluminense registrou, em 2009, 1.256 desaparecimentos e 769 até novembro
de 2020.
"Apesar de os números absolutos da capital do Rio
serem maiores, a Baixada Fluminense possui um índice muito mais alto se
levarmos em conta o tamanho da população", explicou Jovita.
Segundo dados do IBGE de 2020, o Rio tem uma população de 6.747.815 pessoas, enquanto a Baixada registra 1.582.169 habitantes.
(Por Bernardo Costa/O Dia)
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