PODERES
Lira disse que o debate sobre o voto impresso está “muito polarizado” e pediu calma e paciência para o Congresso decidir sobre o tema.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), afirmou nesta quarta-feira
(4) não existir “nenhum fato relevante” que aponte fraude nas urnas
eletrônicas. Mesmo assim não deixou de apoiar a bandeira do presidente
Jair Bolsonaro, que defende o voto impresso nas próximas eleições. Lira
falou em criar formas de auditagem “mais transparente”, que evite a
contestação das eleições, e jogou a decisão final sobre o tema para o
Senado.
“Neste sistema, foram seis eleições. Eu não tenho nenhum
fato relevante que eu possa falar que houve fraude nas urnas
eletrônicas, eu não posso desconfiar de um sistema que eu fui eleito.
Mas a discussão é, se não há falha, se não há problema, por que ficar
discutindo essa versão? Por que essa versão cresce? O Brasil é feito com
problemas de versão”, afirmou nesta manhã em entrevista ao Jornal Gente
da Bandeirantes.
Mas completou: “Se não há problema, não há
porque nós não chegarmos numa situação de termos uma auditagem seja lá
de que maneira for, de forma mais transparente, para que não se tenha
uma eleição, independente do que seja eleito, contestada”.
Lira
disse que esse debate está “muito polarizado” e pediu calma e paciência
para o Congresso decidir sobre o tema. “Nós estamos perdendo tempo,
energia, muitas vezes gerando atritos entre instituições democráticas
que são necessárias para o equilíbrio do Brasil de maneira que não trará
benefício nenhum, então nós temos que ter nesse momento calma”.
Lira
afirmou que já existe desde 2015 no Senado uma Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) sobre o tema aprovada pela Câmara, e jogou a decisão
para os senadores. “Nós temos que ter paciência e esperar que as casas
legislativas se pronunciem. Se a Câmara vai ter que votar as duas
(propostas) para que fique as duas paradas no Senado, ou se o foco teria
que ser: Senado, decida se vota ou não uma PEC que está aí há seis
anos, porque se não votar uma PEC que está lá em 2015, não vai votar uma
que vai aprovar em 2021”, afirmou, em referência à PEC apresentada este
ano, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL) e que prevê a impressão da
cédulas, conforme quer Bolsonaro.
O voto impresso virou uma das
principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro e tem gerado conflito
entre os Poderes, já que Bolsonaro tem atacado a democracia,
instituições e autoridades e colocado em suspeição a realização das
eleições no ano que vem caso a medida não seja implementada no Brasil.
TSE investiga Bolsonaro por fake news
Jair
Bolsonaro encaminhou respostas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
sobre as acusações de possibilidade de fraude das urnas eletrônicas do
País e manipulação dos resultados das eleições de 2014 e 2018, na qual
saiu vencedor.
O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro
Luis Felipe Salomão, tinha determinado que Bolsonaro apresentasse até
segunda-feira, 2, os indícios de fraude que o presidente dizia possuir, a
fim de esclarecer o teor das acusações reiteradas que partem do Palácio
do Planalto contra o sistema de votação eletrônico. Bolsonaro, porém,
entregou as respostas ao TSE um dia depois de o prazo ter expirado. O
presidente teve 15 dias para encaminhar o documento.
“A busca de
informações detalhadas e documentadas sobre os fatos narrados tem como
objetivo principal subsidiar estratégias de aprimoramento dos recursos
de segurança que envolvem as atividades voltadas à realização das
eleições, em especial as relativas ao pleito que se avizinha”, escreveu
Salomão ao pedir as respostas a Bolsonaro.
Na segunda-feira (2),
os ministros do TSE aprovaram por unanimidade a abertura de inquérito
administrativo para apurar se, ao promover uma série de ataques
infundados às urnas eletrônicas, Bolsonaro praticou “abuso do poder
econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção,
fraude, condutas vedadas a agentes públicos e propaganda extemporânea”.
(Por:Estadão Conteúdo)
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