NA CIDADE MARAVILHOSA
O laudo de necrópsia do corpo de Eduardo Felipe Santos Victor, de 17 anos, mostra que o projétil que matou o rapaz o atingiu embaixo do peito esquerdo e saiu na altura de seu mamilo direito. De acordo com peritos legistas, o documento, obtido com exclusividade pelo EXTRA, mostra que a vítima foi baleada quando estava deitada. Cinco policiais militares da UPP Providência - comunidade no Centro do Rio onde ocorreu a morte - estão presos preventivamente, acusados de fraude processual, depois que um vídeo flagrou um deles colocando uma arma na mão de Eduardo e fazendo disparos.
De acordo com o exame, iniciado às 13h30m e finalizado às 20h17m de anteontem, a perita legista Heloísa Queiroz Medeiros atestou que havia escoriações pelo corpo do menino. A terceira, quarta e quinta costelas do lado direito também foram fraturadas.
Para o perito legista Leví Inimá de Miranda, ex-chefe de Medicina Legal do Hospital Central do Exército, os ferimentos indicam que Eduardo Felipe foi vítima de um chute, soco ou mesmo uma coronhada antes de cair no chão:
— O mais provável é que a vítima estivesse em pé e tenha sido golpeada com algum instrumento. Ao bater no solo, foi atingida por um tiro, provavelmente de pistola, quando estava com o corpo levemente voltado para o lado direito.
O médico legista e perito criminal alagoano George Sanguinetti, que atuou em casos de repercussão como a morte de Paulo César Farias — tesoureiro da campanha de Fernando Collor assassinado em 1996 — concorda:
— As escoriações citadas mostram que foram provocadas também no curso do evento. O registro do trajeto do disparo, entrando na região torácica inferior à esquerda, da frente para trás, de baixo para cima e da esquerda para a direita, demonstra que a vítima estava deitada ao receber o disparo. Ou seja, a vítima estava deitada quando recebeu um tiro de execução.
Presidente da Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas, Maximiano Leite Barbosa Chaves, acredita que a vítima poderia estar deitada no chão ou ainda num ponto mais alto em relação a quem o atingiu, como uma ladeira ou uma laje. Em nenhum dos depoimentos prestados, entretanto, os PMs dizem que Eduardo estava em tal posição.
Órgãos são dilacerados
No laudo de exame de corpo de delito de necrópsia, há a indicação que Eduardo Felipe foi morto pelo tiro. “Ferimento transfixante de tórax com laceração visceral e hipovolemia consequente”, descreve o documento. Isso significa que o disparo, que teria partido de uma pistola, transfixou o corpo da vítima. Órgãos vitais, como o pulmão e coração, foram totalmente dilacerados pelo disparo, afirma a perita.
De acordo com Leví Inimá, o rapaz morreu no local na hora ou poucos minutos depois de ser atingido. Ele sofreu uma hemorragia e cavidades do tórax ficaram “repletas de sangue”, descreve o laudo da Polícia Civil. Segundo escreve Heloísa Medeiros, os demais órgãos da cavidade abdominal não exibem sinais de “lesões violentas”.
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