Ricardo Araújo
Repórter
Em 2014, a capital potiguar registrou a quarta maior taxa de homicídios do país. A cada grupo de cem mil habitantes, 65,9 pessoas foram assassinadas. A taxa registrada em Natal no período foi quase duas vezes maior que a média de todos os crimes violentos letais intencionais nas capitais brasileiras – 33,0 para cada 100 mil habitantes. Os dados, publicados ontem pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública expuseram, ainda, que 536, dos 568 mortos ao longo do ano passado na capital potiguar foram vítimas de homicídio doloso, quando o autor tem realmente intenção de matar. No ano passado, o Brasil registrou 15.932 homicídios. A cada hora que passou em 2014, quase duas pessoas foram assassinadas no país.
Júnior SantosEstudo mostrou que 536, dos 568 mortos em 2014, na capital, foram vítimas de homicídio doloso
Conforme apontado pelo estudo, que compõe a primeira série de levantamentos do 9º Anuário Estatístico Brasileiro de Segurança Pública, as capitais brasileiras com as maiores taxas de homicídio estão no Nordeste – Fortaleza, Maceió, São Luís, Natal e João Pessoa (vide infográfico). São Paulo foi a capital que menos registrou homicídios em 2014, com taxa de 11,4 mortes para cada 100 mil habitantes.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), apontou que, neste ano, os assassinatos em Natal reduziram 15,6% em relação ao mesmo período do ano passado em decorrência da ampliação do policiamento ostensivo.
“Os resultados mostram um quadro extremamente preocupante”, frisou em nota enviada à imprensa a diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno. Ela destacou que a taxa média nacional, que contempla todo o território, em 2013 atingiu 25,2 mortes a cada 100 mil habitantes. Quando a análise se restringe às capitais, a taxa de mortes sobe para 33 por grupo de 100 mil habitantes. “O que podemos concluir é que as capitais impulsionaram a violência em uma proporção maior do que era possível imaginar. Em 2013, o Brasil registrou 50.241 assassinatos e, portanto, as 27 capitais responderam por 31,45% desses crimes”, comentou Samira Bueno.
De acordo com o presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Marcos Dionísio Medeiros Caldas, o ano de 2015 está diferente no sentido de que os crimes de homicídios reduziram. Entretanto, o Governo do Estado precisa implementar outras medidas para garantir que os dados negativos não voltem a crescer.
“Em 2013 e 2014, quase não havia policiamento ostensivo nas ruas. Em 2015, está diferente. A violência vem sendo contida razoavelmente. As promessas do Governo do Estado precisam sair do papel para que os índices reduzam em todo o estado”, frisou. Entre os pontos listados por Marcos Dionísio Medeiros Caldas para sair do papel está a criação do Conselho de Segurança do Estado, além da Divisão de Homicídios, expandindo a atuação de equipes específicas para investigação de cenas de crimes para todo o Rio Grande do Norte.
Além disso, Marcos Dionísio Medeiros Caldas apontou que a repressão aos grupos de extermínio precisa ser tratada com rigor. “Hoje, esses grupos atuam livre e francamente na zona Norte, na Região Metropolitana de Natal”, disse. O presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos advertiu que, se o Governo do Estado não recompor o efetivo da Polícia Militar, por exemplo, os casos de homicídios poderão voltar a crescer a partir do ano que vem. “O relativo sucesso de 2015 não terá sustentabilidade se o Governo do Estado não sair da encruzilhada da Lei de Responsabilidade Fiscal. É preciso recompor o efetivo da PM e garantir o policiamento ostensivo”, advertiu.
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