Larissa Cavalcante
Repórter
O passeio pelos prédios antigos da Cidade Alta permite uma viagem pelo final do século XIX e início do século XX. Edifícios que hoje abrigam instituições públicas e privadas são construções centenárias que guardam vestígios da história do estado. O #Partiu desta semana começa em um local cercado por histórias populares, o palacete da Viúva Machado.
Emanuel AmaralPalacete
da Viúva Machado: casarão foi construído em 1910 como residência para o
comerciante Jorge Barreto Albuquerque Maranhão, irmão do então
governador Alberto Maranhão. O palacete é atualmente habitado pela
família da viúva Machado
Localizado ao lado da Igreja do Rosário dos Pretos, o palacete, que chama atenção pela bela fachada amarela com grades colunas de ferro artisticamente trabalhadas, é conhecido pelas lendas que rodeavam Amália Duarte Machado. Em meados dos anos de 1960, corria pela cidade a história de que Dona Amália mandava raptar crianças para comer seu fígado. Lenda criada pela sociedade do século XIX, que não via com bons olhos uma mulher morando sozinha naquele casarão.
Emanuel AmaralCasa
de Câmara Cascudo: atualmente, o prédio pertence aos netos de Câmara
Cascudo, que mantêm o lugar em perfeitas condições. O local está aberto
para visitação de terça-feira a sábado, das 9h às 17h, e possui uma sala
para pesquisa nos livros de Cascudo, além de publicações à venda.
De lá para o Instituto Câmara Cascudo, é possível ir andando. A casa onde morou o historiador potiguar fica na rua de mesmo nome, número 377, e conserva, além da construção e dos móveis intactos, vestígios da presença de grandes personalidades que passaram por Natal. Cascudo pedia para que seus ilustres visitantes assinassem nas paredes de sua biblioteca, registrando suas passagens pelo local. Juscelino Kubitschek, Café Filho, Gilberto Freire e Ari Barroso estão entre os rabiscos nas paredes. Esse último escreveu a partitura de uma das suas grandes pérolas, “Aquarela do Brasil”, na biblioteca de Cascudo.
Emanuel AmaralSolar
Bela Vista: em 1938 passou a funcionar como Hotel Bela Vista, um dos
melhores da época. Foi comprado pelo SESI (Serviço Social da Indústria)
em 1958 e atualmente está fechado ao público porque passa por processo
de restauração
Construído em 1907, na mesma rua, o Solar Bela Vista é o próximo ponto de parada. A planta foi desenhada por seu próprio dono, o Cel. Aureliano Clemente, que também acompanhou pessoalmente as obras. O prédio, amplo e imponente, é uma construção pouco comum para a época. A entrada está recuada da calçada e em um nível mais alto que o da rua. Os metais, vidros, e cristais utilizados em sua construção, bem como os tapetes, porcelanas, lustres e móveis, foram todos importados da Europa.
Emanuel AmaralCapitania
das Artes: além da Secretaria de Cultura de Natal, abriga também a
Fundação Capitania das Artes, a Escola de Dança Roosevelt Pimenta e a
Biblioteca Municipal Esmeraldo Siqueira.
Praticamente na frente do Solar está o prédio da Capitania das Artes, onde hoje funciona a Secretaria Municipal de Cultura. O edifício do final do século XIX resistiu ao abandono e à ação do tempo por um longo período, até que fosse tombado e revitalizado em 1988. Em estilo neoclássico, a fachada sempre foi a sua principal marca.
Emanuel AmaralPinacoteca
Potiguar: abriga também uma escultura do Budda do Laos, uma raridade do
final do século XII, procedente do Laos, na Ásia. A peça é de chumbo e
banhada em ouro. Foi doada pelo colecionador suíço que morou em Natal,
Fritz Alain Gegauf.
A atual Pinacoteca Potiguar está localizada em frente à praça Sete de Setembro, rodeada por vários outros monumentos e edifícios históricos. Inaugurado em 1873 e construído em estilo neoclássico, o local abrigou o Tesouraria Provincial, a Câmara Municipal de Natal e a Assembleia Legislativa. Hoje abriga a maior parte do acervo de Artes Visuais pertencentes ao Governo do Estado. Lá podem ser encontradas obras de Newton Navarro, Dorian Gray e até de Tarsila do Amaral.
Emanuel AmaralPalácio
Felipe Camarão: Foi construído no local da antiga Intendência Municipal
com o orçamento inicial de cento e vinte e oito contos, quatrocentos e
noventa mil réis. Durante a sua construção foram gastos, de fato, cinco
contos e duzentos mil réis.
De lá para o Palácio Felipe Camarão, sede da prefeitura, são apenas alguns passos. Localizado na rua Ulisses Caldas, a construção ocupa o local desde 1922. Sua fachada rebuscada busca simetria. Internamente, o prédio público está conservado e apresenta diversos elementos que datam de sua construção: assoalho, escadas elementos decorativos integram essa lista.
Emanuel AmaralPrédio
do IFRN: em janeiro de 1910 foi inaugurado no local a Escola de
Aprendizes Artífices no Rio Grande do Norte, que funcionava como
semi-internado. Foram colocadas em atividade oficinas de marcenaria,
sapataria, serralheria e funilaria.
No número 743 da avenida Rio Branco está o último ponto de parada deste roteiro. O antigo Liceu Industrial, construído no início do século XX, chama atenção pela sua enorme porta em arco pleno. O local passou muitos anos abandonado, abrigou sede da TV Universitária, nos anos 80, até que, recentemente, passou a abrigar mais um campus do Instituto Federal do Rio Grande do Norte. A porta de acesso conduz a um hall de entrada e em seguida a uma ampla sacada interna. O prédio ainda conserva assoalho, portas e janelas originais.
fonte:TN
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