GOVERNO
O presidente Jair Bolsonaro durante inauguração de obra em Aracaju (SE) Alan Santos/Presidência da República/DivulgaçãoAs oposições de redes sociais, coalhadas de sonhadores do impeachment, terão nesta terça uma nova missão pela frente. Jair Bolsonaro não apenas sepultou o risco de impedimento como colocou no comando dos dois cargos mais importantes do Congresso parlamentares apadrinhados por ele, patrocinados por verbas bilionárias, cargos e toda sorte de promessas e barganhas. Gente que deve a ele e sabe disso.
O toma lá dá cá tão demonizado na campanha eleitoral sacramentou o casamento do presidente da “nova política” com o centrão de Arthur Lira na Câmara e com o DEM de Rodrigo Pacheco no Senado. Nos dois casos, os votos jorraram por causa de interesses bem distantes da discussão ideológica de independência parlamentar para fiscalizar o Executivo.
Lira e Pacheco, é verdade, fizeram discursos de independência e “relação harmônica” com os demais poderes. Bolsonaro, no entanto, não pagou o que pagou para conviver com gente que rejeita pedidos de forma simpática, mas sim para conseguir aprovar na Câmara e no Senado a sua agenda de governo.
Se deixar de lado o atraso da pauta de costumes e direcionar o foco de seus aliados para a agenda econômica e social, pode ser que o presidente consiga aproveitar 2021 para livrar-se do risco de acabar como Donald Trump, sem reeleição. Se atrapalhar a política, como fez em 2019 e 2020, perderá uma grande oportunidade.
A aliados, antes da derrota, até Rodrigo Maia reconhecia que o presidente ainda tinha chances de chegar forte em 2022, apesar de todos os episódios deploráveis da pandemia. Bastaria, na avaliação de Maia, permitir que a nova base do Congresso votasse a agenda econômica que está travada na Casa. Tudo para ontem, claro.
O foco de deputados e senadores no trabalho tem prazo de validade curto, terminando neste primeiro semestre. A partir do segundo, com as eleições já no horizonte, a chance de passar matérias necessárias para sanear as contas, mas antipopulares a determinados setores da sociedade, será bem menor.
O relógio joga contra Bolsonaro, mas joga ainda mais pesado contra a oposição e é aí que vem a tarefa da turma que adora perder tempo nas redes sociais. Enquanto o presidente terá Câmara, Senado e seis meses para mostrar trabalho, os partidos de esquerda e de centro terão de lutar para construir um projeto de país que seja vendável nas urnas e ainda produzir alianças em torno de nomes capazes de capitanear a massa de eleitores arrependidos do voto em Bolsonaro. Divulgar esse programa hoje inexistente e a biografia da figura que irá executá-lo são desafios da oposição.
Se 2022 chegar embalado por um governo que aprovou reformas e conseguiu prover mais alguns meses de auxílio emergencial sem furar o teto, será difícil evitar um segundo turno entre o que está aí e o PT de outros pleitos – sempre com lugar cativo nos segundos turnos. E aí começaremos a dar a segunda volta no círculo iniciado em 2019.
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