PREÇOS
Reajustes aplicados à gasolina nas refinarias têm repercutido no preço final ao consumidor. Em Natal, a gasolina chega a custar R$ 5,190
Em meio a acusações de falta de transparência e de independência
para definir seus preços, a Petrobras anunciou nesta segunda-feira (8)
que o óleo diesel, a gasolina e o gás liquefeito de petróleo (GLP)
vendidos em suas refinarias vão ficar mais caros a partir desta
terça-feira (9). O preço da gasolina vendida pelas refinarias às
distribuidoras aumentará 8%. Com isso, o preço médio do litro do
combustível sobe R$ 0,17 e passará a ser de R$ 2,25. Já o óleo diesel
aumentou cerca de 6% (R$ 0,13 por litro) e passará a custar R$ 2,24. O
GLP (gás liquefeito de petróleo), o gás de botijão, também terá aumento
no preço: cerca de 5% (R$ 0,14 por kg). Com o reajuste, o gás de botijão
passará a custar 2,91 por kg (ou R$ 37,79 por 13 kg).
É a terceira alta do ano nos preços da gasolina, e a segunda no
valor do litro do diesel. Desde o início do ano, a Petrobras já elevou
em 22% o preço da gasolina - em dezembro, o litro custava R$ 1,84. Já o
diesel subiu 10,9%. Com as novas altas, o litro da gasolina passou a
custar mais caro que o do diesel às distribuidoras.
Em
nota, a Petrobras ressalta que “os valores praticados nas refinarias
pela Petrobras são diferentes dos percebidos pelo consumidor final no
varejo. Até chegar ao consumidor, são acrescidos tributos federais e
estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de
biocombustíveis pelas distribuidoras, no caso da gasolina e do diesel,
além dos custos e margens das companhias distribuidoras e dos
revendedores de combustíveis”.
A decisão pelo
reajuste vem em linha com a recente alta da cotação da matéria-prima, o
petróleo, e ainda ajuda a empresa a tentar dissipar dúvidas de que
estaria contendo aumentos de preço para favorecer os caminhoneiros e
evitar uma nova greve da categoria. Os caminhoneiros são grandes
consumidores de diesel e aliados do presidente Jair Bolsonaro, que
chegou a defendê-los durante a paralisação de maio de 2018.
Os
questionamentos sobre a política de preços da Petrobras surgiram na
última sexta-feira, após a agência Reuters divulgar que a empresa mudou
de três meses para um ano o prazo de acompanhamento da cotação do
petróleo no mercado internacional para decidir se deve ou não reajustar
seus preços internos. Quanto maior o prazo, menor a chance de a empresa
repassar para seus clientes mudanças momentâneas no mercado externo.
A
informação sobre a mudança do prazo de acompanhamento dos preços
internacionais não foi bem recebida pelo mercado. Já nesta
segunda-feira, primeiro dia de negociação após a divulgação da notícia,
as ações da Petrobras caíram, chegando ao fim do pregão com queda de
4,14%, no caso das ordinárias, vendida a R$ 28,45, e de 3,14%, das
preferenciais, a R$ 28,11. Nem mesmo a informação de que o petróleo
continua subindo foi suficiente para animar os investidores a pagar mais
pelas ações.
Em meio à pressão por conta desse
novo reajuste, o presidente da República voltou a dizer que o governo
não pode interferir na Petrobras. No período da tarde, ele se reuniu com
o ministro da Economia, Paulo Guedes, e demais membros da equipe
econômica para tratar sobre os aumentos anunciados. "Hoje estávamos
reunidos com a equipe econômica do Paulo Guedes vendo a questão do
impacto desse novo reajuste no combustível ao qual nós não temos como
interferir e não pensamos em interferir na Petrobras", disse durante
evento no Palácio do Planalto para lançamento de plataforma digital
para aumentar a participação popular nas políticas públicas.
Segundo
o presidente, o "ideal" para solucionar a questão do aumentos dos
preços dos combustíveis seria "baixar o dólar". "O ideal - tenho
conversado com Roberto Campos Neto (presidente do Banco Central) - é o
dólar baixar. Mas baixa como? Com o parlamento em grande parte
colaborando na votação de projetos que possam realmente mostrar que nós
temos responsabilidade", disse Bolsonaro.
De
acordo com o presidente, ao mostrar essa responsabilidade, o dólar
"baixa automaticamente". O chefe do Executivo cumprimentou parlamentares
e defendeu o alinhamento com o parlamento. "Os poderes são
independentes, mas nós, Executivo e Legislativo, trabalhamos afinados,
como se fosse um só poder", disse Bolsonaro.
ICMS sobre combustível
O
presidente afirmou ainda, nesta segunda-feira, que o governo não tem a
intenção de diminuir o valor do ICMS dos Estados. Ele reforçou que o
governo segue focado em encontrar alternativas para o aumento do custo
do óleo diesel, reivindicação dos caminhoneiros. "Não estou querendo,
nem vou pensar e nem poderia diminuir o valor do ICMS", disse em
entrevista ao apresentador José Luiz Datena.
Na
última sexta-feira ( 5), o governo chegou a anunciar que iria enviar ao
Congresso Nacional proposta de estabelecer um valor fixo do ICMS por
litro dos combustíveis e realizar a cobrança do tributo nas refinarias, e
não na bomba. A ideia, contudo, não foi bem recebida por governadores
que temem a diminuição da arrecadação e o consequente impacto nas contas
estaduais.
Bolsonaro negou que esteja
"brigando" com governadores e reconheceu que os impostos federais também
são altos. Ante o novo reajuste de preços dos combustíveis anunciado
pela Petrobras, Bolsonaro se reuniu hoje com a equipe econômica. Segundo
o chefe do Executivo, o que o País precisa é de uma mudança do sistema
tributário. Ele ponderou, entretanto, que a reforma tributária, em
análise no Congresso, ainda deve levar sete ou oito meses para ser
aprovada.
(Por:Alex Régis/TN)
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