BRASIL, POLÍTICA
(Danilo Verpa/Folhapress)
O empresário e delator Joesley Batista diz, em artigo
publicado no jornal “Folha de S.Paulo” deste domingo, que, de uma hora
para outra, passou de “maior produtor de proteína animal do mundo” a
“notório falastrão”, “bandido confesso” e “tantas outras expressões
desrespeitosas”. Joesley, que gravou conversa com o presidente Michel
Temer, dando início à atual crise política, afirma que decidiu escrever o
artigo para “acabar com mentiras e folclores” e “entregar ao tempo a
missão de revelar a razão”.
O dono da JBS afirma que 17 de maio de 2017, quando a
gravação com Temer se tornou pública, foi o dia de seu “renascimento”,
“Senti-me um novo ser humano, com valores, entendimento e coragem para
romper com elos inimagináveis de corrupção praticada pelas maiores
autoridades do nosso país.”
Joesley diz também que, desde então, “vive num turbilhão
para o qual são arrastados minha família, meus amigos e funcionários”.
Segundo ele, políticos, que até então se beneficiavam dos recursos da
J&F para suas campanhas eleitorais, passaram a criticá-lo, “lançando
mão de mentiras”. “Disseram, por exemplo, que, depois da delação, eu
estaria flanando livre e solto pela Quinta Avenida, quando, na verdade,
nem em Nova York eu estava.”
“A lista de inverdades não parou por aí. Mentiram que eu
estaria protegendo o ex-presidente Lula; mentiram que eu seria o
responsável pelo vazamento do áudio para a imprensa para ganhar milhões
com especulações financeiras, que eu teria editado as gravações”,
escreve.
Ele afirma que “a única verdade que sei é que, desde aquele
17 de maio, estou focado na segurança de minha família e na saúde
financeira das empresas, para continuar garantindo os 270 mil empregos
que elas geram”. “Por isso, demos início a um agressivo plano de
desinvestimento que tem tido considerável êxito, o que demonstra a
qualidade da equipe e das empresas que administramos.”
O empresário acrescenta que, de volta a São Paulo, vê na
imprensa “políticos me achincalhando no mesmo discurso em que tentam
barrar o que chamam de ‘abuso de autoridade'”. “Eles estão em modo de
negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela
colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava
convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a
minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família.”
Joesley reclama que “poucos mencionam a multa de 10,3
bilhões de reais que pagaremos, como resultante do nosso acordo de
leniência”. “Não tenho dúvida de que esse acordo pagará com sobra
possíveis danos à sociedade brasileira. Hoje, depois de 67 dias e 67
noites da divulgação da delação, resolvi escrever este artigo, não para
me vitimar – o que jamais fiz -, mas para acabar com mentiras e
folclores e dizer que sou feito de carne e osso. E entregar ao tempo a
missão de revelar a razão”, conclui.
(Com Estadão Conteúdo)
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