IMPOSTOS
Um dia depois de anunciar aumento de PIS/Cofins sobre combustíveis
e de afirmar que a população compreenderia a elevação da carga
tributária, o presidente Michel Temer disse que entende a reação
negativa das indústrias e que “aos poucos todos compreenderão, a Fiesp
inclusive”.
“É natural (haver) essas relativas incompreensões. A Fiesp
sempre fez uma campanha muito adequada contra o tributo”, destacou, em
rápida entrevista após a foto oficial da 50ª Cúpula do Mercosul, evento
que ocorre em Mendoza, na Argentina.
Nesta sexta, a Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp) voltou a expor o pato amarelo inflável, um dos principais
símbolos de manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), em
sua sede em São Paulo, na Avenida Paulista. Na véspera, o presidente da
entidade, Paulo Skaf, se disse “indignado” com a medida. Para ele, a
elevação de tributos deve agravar a crise num momento em que a economia
dá sinais de recuperação.
Temer rechaçou a possibilidade de a postura da classe
empresarial ter alguma reação política, afetando a sua base de apoio.
“Nenhuma, é natural reação econômica, ninguém quer tributo, mas quando
todos compreenderem que é fundamental para incentivar o crescimento,
manter a meta fiscal, para dar estabilidade ao país e para não enganar,
não produzir nenhum ato governativo que seja enganoso ou fantasioso,
para o povo, esta matéria logo será superada”, disse.
Questionado se a elevação de PIS/Cofins seria suficiente
para manter o ajuste ou se o governo pode anunciar mais elevação da
carga tributária, Temer afirmou que “não há previsão” de novos aumentos
de impostos. “Por enquanto, estamos atentos, a equipe econômica está
atenta a isso apenas para esse aumento. Não sei se haverá necessidade ou
não, mas naturalmente haverá diálogo e observações sobre isso”,
afirmou.
Temer voltou a dizer que quando assumiu o governo havia a
expectativa da recriação da CPMF e ele conseguiu não reeditar o tributo.
“Vocês se recordam quando eu cheguei, nós estávamos com o signo da
CPMF, todos achavam que nós iríamos restabelecer a CPMF, não o fizemos
durante mais de catorze, quinze meses”, afirmou. “E agora, exata e
precisamente para manter o crescimento, para incentivar o crescimento,
para manter a meta fiscal, foi indispensável que fizéssemos o aumento
relativamente a PIS/Cofins apenas ao combustível”, completou.
O presidente salientou que o aumento anunciado nesta
quinta-feira não é geral, atinge apenas o setor de combustível. “A CPMF
seria algo que apanharia todos os depositantes de bancos, e eu
compreendo a reação da Fiesp, reação mais do que razoável”, reforçou.
(Com Estadão Conteúdo)
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