Corintianos se lembraram especialmente do dia em que Tite celebrou, no meio da torcida alvinegra no Pacaembu (pois havia sido expulso), o gol de Paulinho na agoniante vitória sobre o Vasco, na Libertadores de 2012. Desta vez, porém, Tite não é o treinador dos cerca de 30 milhões de corintianos, mas de 200 milhões de brasileiros. E, mais relevante que isso, frequentar estádios deixou de ser lazer e hoje faz parte de suas atribuições como treinador responsável por eleger os 23 melhores do país.
Suas escolhas, inclusive, servem como munição para quem desaprovou sua euforia no meio da torcida. Na convocação para os jogos contra Uruguai e Paraguai, Tite não chamou nenhum atleta de Palmeiras, Santos e São Paulo e convocou o lateral corintiano Fagner – que está longe de viver seu melhor momento. Também chamou Gil, Paulinho e Renato Augusto, com quem trabalhou no Corinthians, e que hoje atuam na fraca liga da China. Escolhas compreensíveis – todos os treinadores da história da seleção reservaram lugares para seus chamados “homens de confiança” – e que não abalam em nada a credibilidade construída por Adenor Leonardo Bachi em quase 40 anos de futebol, como jogador e técnico. Mas é justamente por se tratar de alguém com lisura incontestável que Tite poderia evitar tal constrangimento.
Outro fato causou certo mal-estar: no momento de êxtase, Tite abraçou o amigo Alessandro Nunes, que foi seu capitão nos momentos de glória no Corinthians e hoje é gerente de futebol do clube. Nunes é também um dos cotados para assumir o lugar de Erasmo Damiani, coordenador de base da seleção brasileira que recentemente foi demitido, junto com o treinador Rogério Micale – que, por sua vez, confessou mágoa com Tite pela falta de apoio após o ouro olímpico. Tite sabe muito bem “driblar” a politicagem do futebol – nem mesmo a companhia de Marco Polo Del Nero abala sua imagem – e deveria seguir fazendo o mesmo.
( Luiz Felipe Castro/RevistaPlacar)
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