ISSO ACONTECEU NUM PAÍS CHAMADO BRASIL
O ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) chega de Nova York
no Aeroporto de Cumbica - 19.05.2017 (Bruno Santos/Folhapress)
O ministro Edson Fachin, relator das delações da JBS no Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar nesta sexta-feira o ex-deputado federal e ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures
(PMDB-PR), preso em Brasília desde o dia 3 de junho. Rocha Loures foi
filmado pela Polícia Federal após por ter recebido uma mala recheada com
500.000 reais de um executivo e delator da empresa.
Para o ministro, “em face do transcurso de lapso temporal e
das alterações no panorama processual”, foi aplacada a possibilidade de
Rodrigo Rocha Loures cometer novos crimes, principal condição à
determinação de prisão preventiva. “Em homenagem ao tratamento
isonômico”, Fachin também considerou na soltura do ex-assessor
presidencial a decisão da Primeira Turma do STF, no último dia 20, de
mandar para a prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica o
ex-assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG) Mendherson de Souza, a
jornalista Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), e
Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio encarregado por ele de
receber 2 milhões de reais da JBS.
Na decisão, Edson Fachin trocou a prisão preventiva de Rocha
Loures por outras medidas. “Não sucumbindo por completo os fatos que
deram ensejo à decretação da medida extrema, torna-se imperiosa a sua
substituição por medidas cautelares alternativas”, escreveu o ministro.
O deputado da mala será monitorado por uma tornozeleira
eletrônica e deverá se recolher domiciliarmente entre 20h e 6h e aos
sábados, domingos e feriados. Ele também está proibido de ter contato
com outros investigados, réus ou testemunhas do mesmo processo, deve
entregar seu passaporte em até 48 horas e comparecer periodicamente em
juízo para informar e justificar suas atividades.
Denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao lado do presidente Michel Temer (PMDB) pelo crime de corrupção passiva, Rocha Loures foi indicado por Temer a Joesley Batista,
em conversa gravada pelo empresário, como homem de “sua mais estrita
confiança” para ajudá-lo em qualquer assunto envolvendo questões da
empresa no governo, a exemplo da demanda da JBS ao Planalto por ajuda em
uma disputa entre a Empresa Produtora de Energia, usina hidrelétrica do
Grupo J&F em Cuiabá, e a Petrobras no Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade).
Na noite do dia 28 de abril, agentes da Polícia Federal
filmaram Rodrigo Rocha Loures saindo de uma pizzaria paulistana com uma
mala à mão, onde estavam alocados 500.000 reais. Entregue pelo diretor
de relações institucionais da JBS e delator Ricardo Saud, o valor seria
parte da propina combinada com o ex-parlamentar para resolver a
pendência da JBS no Cade. Rocha Loures devolveu o dinheiro no dia 25 de
maio.
Na denúncia contra o presidente e seu ex-assessor, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sustenta que o dinheiro
era destinado a Michel Temer. “Entre os meses de março a abril de 2017,
com vontade livre e consciente, o presidente da República, Michel Miguel
Temer Lulia, valendo-se de sua condição de chefe do Poder Executivo e
liderança política nacional, recebeu para si, em unidade de desígnios e
por intermédio de Rodrigo Santos da Rocha Loures, vantagem indevida de
500.000 reais ofertada por Joesley Mendonça Batista, presidente da
sociedade empresária J&F Investimentos S.A., cujo pagamento foi
realizado pelo executivo da J&F Ricardo Saud”, afirma trecho da
denúncia.
Em outra parte, Janot diz que Temer e Rocha Loures, “em
comunhão de esforços e unidade de desígnios, com vontade livre e
consciente, ainda aceitaram a promessa de vantagem indevida no montante
de 38 milhões de reais”.
A denúncia oferecida pelo procurador não pode ser instaurada
diretamente no STF. A acusação foi remetida à Câmara, que decidirá se
autoriza ou não a abertura do processo contra o presidente. A denúncia
tramitará pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa e então
será submetida ao plenário, onde, para ser instaurada, é preciso a
aprovação de 342 dos 513 deputados.
Caso a denúncia avance na Câmara, os onze ministros do
Supremo analisarão o pedido de Rodrigo Janot e decidirão se Michel Temer
e Rodrigo Rocha Loures se tornam réus. Se a maioria decidir assim, o
presidente será afastado do Planalto por 180 dias.
(Veja.Abril.com.br)
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