TRAGÉDIA DO BALDO
Comparativo entre Aluízio Farias Batista e o homem encontrado nesta terça-feira | Foto: Cedida/PCRN
Acidente que vitimou 19 foliões aconteceu no dia 25 de fevereiro de 1984 | Foto: Arquivo
O homem em situação de rua encontrado pelo Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar, no bairro de Neópolis, zona sul de Natal, pode não ser o foragido Aluízio Farias Batista, motorista acusado de atropelar foliões no carnaval de 1984 em Natal, em caso que ficou conhecido como ‘Tragédia do Baldo’. A elucidação foi dada, na noite desta terça-feira (26), pelo delegado de plantão Frank Albuquerque, em entrevista à TV Tropical. Isso porque, como explicou o delegado, a informação até o momento é de que as impressões digitais do homem não teriam batido com as do foragido. O laudo oficial ainda será emitido pelo Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep), mas o possível resultado já teria sido adiantado por policiais civis que conduziram o suspeito.
De acordo com a Polícia Civil, a perícia papiloscópica foi realizada duas vezes, mas em ambas teria dado resultado negativo. Dessa forma, apesar das semelhanças físicas, o suspeito poderá ser liberado, já que contra ele não há mandado de prisão em aberto. "Nós aguardamos o laudo oficial para poder tomar uma decisão definitiva", explicou o delegado de plantão Frank Albuquerque. O homem havia sido localizado em uma casa abandonada no bairro de Neópolis, após uma denúncia anônima informando de que ele seria Aluízio Farias Batista, motorista que está foragido há quase 37 anos.
Caso o resultado do Itep seja realmente negativo, a polícia deve dar prosseguimento às investigações para encontrar o verdadeiro acusado. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) condenou Aluízio Batista a 21 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado pela morte das 19 pessoas
A tragédia
Era por volta das 0h50 da madrugada do dia 25 de fevereiro de 1984, quando o Carnaval na cidade de Natal terminou em tragédia. O motorista de ônibus Aluízio Farias Batista, da empresa Guanabara, atropelou integrantes e acompanhantes da banda Puxa Saco, que desfilavam pela avenida Rio Branco, logo após o viaduto do canal do Baldo. Ao todo, 19 pessoas morreram e 12 ficaram gravemente feridas. Passados quase 37 anos da tragédia, o autor do crime ainda permanecia foragido.
Conhecido como Tragédia do Baldo, o caso é bastante emblemático e ganhou destaque nacional devido à impunidade que perdurou durante tantas décadas. De acordo com as investigações, Aluízio teria atropelado propositalmente os foliões que circulavam mais precisamente na parte mais baixa de uma ladeira, uma espécie de divisão entre a avenida Coronel Estevam, no bairro do Alecrim, e a avenida Rio Branco, no bairro da Cidade Alta. Segundo relatos, o motivo da fúria teria sido o fato do motorista saber que teria que trabalhar além do expediente para transportar integrantes da Escola Malandros do Samba, do bairro do Alecrim até o bairro das Rocas.
Relatos também apontam que o motorista teria se desentendido com alguns componentes da escola de samba que estavam dentro do ônibus. De acordo com a denúncia, Aluízio teria conduzido o veículo em alta velocidade pelo percurso e, no trecho sob o Viaduto do Baldo, ao fazer a curva antes da descida, teria batido a traseira do ônibus, próximo à porta de desembarque, na lateral dianteira de um Volkswagen Fusca, que estava estacionado no canteiro. A batida mudou a trajetória do ônibus, jogando-o para cima do bloco Puxa Saco, que passava naquele momento do outro lado da avenida. Após isso, o motorista fugiu e apareceu novamente somente para prestar depoimento. Em seguida, fugiu novamente, ficando desaparecido pelos últimos 37 anos.
Em depoimento, Dickson Medeiros, que era presidente do bloco naquela época, contou que a avenida se tornou um mar de sangue. O ITEP, em laudo, não encontrou nenhum problema mecânico no ônibus. Porém, no histórico do motorista, havia registros de direção perigosa e de um atropelamento que vitimou uma mulher quatro anos antes.
Atualmente, Aluízio Farias Batista tem 63 anos e segue foragido.
(Por:Estagiária sob supervisão da jornalista Amanda Carvalho/Portal da Tropical)
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