MINISTRO DA JUSTIÇA
Marcola, o principal líder do PCC Sergio Lima/AFPEra início de 2019 quando o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, deixou o estado de São Paulo rumo ao presídio de segurança máxima de Porto Velho, em Rondônia. Cerca de um mês depois, autoridades ligadas à segurança pública detectaram que, por estar a pouco mais de 200 km da fronteira com a Bolívia, o risco de fuga era real, e o narcotraficante deveria ser transferido para Brasília. Sob a gestão de Sergio Moro no Ministério da Justiça, Marcola permaneceu na cidade mesmo sob protestos do Executivo local. Com a ascensão do delegado Anderson Torres ao posto que já foi do ex-juiz da Lava-Jato, porém, o destino do chefe do PCC será, necessariamente, longe do centro do poder.
Em entrevista exclusiva a VEJA, Torres disse que não só Marcola, mas todos os líderes da facção criminosa serão retirados de Brasília. A ideia é manter o grupo longe de autoridades dos Três Poderes e das representações diplomáticas por considerar que a simples presença do traficante na cidade pode estimular organizações criminosas a promoverem atentados contra parlamentares, embaixadores e ministros de tribunais superiores, por exemplo.
“Brasília não é lugar para esse tipo de líder de organização criminosa. Tudo que eles possam vir a montar em Brasília representa um risco. Imagine a Esplanada dos Ministérios inteira pegando fogo num atentado, o sequestro de uma pessoa cuja segurança outro país acreditou ao Brasil”, diz Torres. O ministro reuniu-se recentemente com a diretora do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Tânia Fogaça, para tratar do tema.
Sistema penitenciário – Apesar de o presidente Jair Bolsonaro ser um efusivo defensor de punições rígidas a criminosos, Anderson Torres afirmou que à frente da pasta da Justiça pretende desenvolver um projeto para a ressocialização dos presos em todo o país para que, com objetivos de vida, tenham a possibilidade de não ser cooptados pelo crime organizado comandado de dentro dos presídios. “O Brasil tem de parar de encaixotar as pessoas, tem que pensar na ressocialização dos presos, pensar em trabalho para eles, em um destino no futuro. Está certo ficarem até 70 pessoas o dia inteiro dentro de uma cela sem fazer nada, cumprindo pena? Que ressocialização é essa?”, afirmou Torres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário