ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA, RN
José Dias confirmou que será um dos primeiros a assinar o requerimento para criação da ComissãoA bancada de oposição ao governo Fátima Bezerra (PT), na Assembleia Legislativa, articula movimento no sentido de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o uso de recursos públicos do Estado no enfrentamento da pandemia de coronavírus (Covid-19) no Rio Grande do Norte.
“Não tenho a menor dúvida quanto à criação da Comissão de
Investigação com o apoio de dez deputados oposicionistas, dois a mais
que o número mínimo exigido pelo Regimento Interno para se encaminhar o
requerimento de criação da CPI à Mesa Diretora da Casa”, afirmou o
decano da Assembleia, o deputado estadual José Dias (PSDB), nesta
quinta-feira (13). A expectativa, segundo o parlamentar, é de que o
requerimento seja encaminhado até a terça-feira (18).
O
deputado José Dias afirma ter confiança no surgimento da CPI do
Covid-19 “porque acredito que o governo não vai comprar nenhum pessoal” e
confirmou que será um dos primeiros a assinar o requerimento
embrionário da CPI. Pelas contas de Dias, também assinarão o
requerimento os deputados Gustavo Carvalho e Tomba Farias (PSDB),
Getúlio Rego (DEM), Coronel Azevedo (PSC), kelps Lima, Cristiane Dantas e
Subtenente Elíabe (Solidariedade), Nelter Queiroz (MDB) e Galeno
Torquato (PSD).
A movimentação em torno da criação de uma terceira CPI na
Assembleia (as CPIs do Arena das Dunas e das Ambulâncias estão suspensas
até que voltem às sessões presenciais) começou a ganhar corpo, depois
que os deputados se sentiram incomodados com o tratamento dado pela
governadora Fátima Bezerra aos parlamentares, principalmente por ter
recorrido judicialmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) para travar os
repasses de emendas obrigatórias do deputado José Dias, o que termina
respingando na liberação de todas as emendas individuais.
O
que se comenta nos bastidores é que a elaboração técnica do
requerimento e sua justificativa estão a cargo do ex-deputado e
ex-vice-governador Fábio Dantas, que ultimamente tem tido um debate
político com setores do governo. Ele já confirmou que a deputada
Cristiane Dantas (Solidariedade), sua mulher, vai assinar o requerimento
para a criação da CPI. No entanto, Dantas negou que esteja à frente da
elaboração do documento: “Não fui convidado”.
Mas ele não se refutou a comentar uma possível investigação da
execução dos recursos estaduais no combate à pandemia, afirmando que sua
opinião “como cidadão, é que a instalação da Comissão é um instrumento
hábil para se apurar as ações e omissões da atual gestão, também é
positivo, pois possibilitará a governadora Fátima se defender
tecnicamente e mostrar que a população que critica esta errada,
mostrando a lisura e a efetivação das ações do seu governo na Pandemia”.
Para
Dantas, “a letargia verificada atualmente e quantidade de despesas
emergenciais realizadas impõe a necessidade de apuração imediata” da
forma como estão sendo aplicados os recursos públicos na área de saúde.
Ele também acha até que a CPI das Ambulâncias “pode ser apensada a uma
CEI”, além dos cinco contratos que o governo fez combater a pandemia
desde o ano passado.
A Mesa Diretora da Assembleia havia fixado em cinco membros a
composição da CPI das Ambulâncias no dia 27 de outubro de 2020, com a
finalidade de apurar os indícios de irregularidades presentes no
contrato 80/2020, firmado entre a Secretaria de Saúde do Estado e a
empresa Serv Saúde Eireli, no valor de R$ 8,5 milhões, para o transporte
de pacientes do Covid-19. A CPI ainda não foi instalada em face da Casa
estar realizando sessões híbridas.
Pedido de informações
O
deputado estadual Gustavo Carvalho (PSDB) informou, na sessão remota da
quarta-feira (12), que pediu por intermédio da Comissão de Finanças e
Fiscalização (CFF), da qual é presidente, esclarecimentos sobre o uso de
recursos públicos no Estado. Primeiro, o parlamentar vai solicitar à
Procuradoria-Geral do Estado (PGE) esclarecimentos sobre a compra de
respiradores em conjunto com o Consórcio Nordeste, que segundo o ofício,
reflete em um prejuízo ocasionado pelo repasse de mais de R$ 4 milhões
por parte do Governo do Estado ao Consórcio Nordeste.
Carvalho
disse que o contratou R$ 1,5 milhão com uma multinacional, enquanto de
15 ventiladores comprados, 14 não funcionaram e ficaram estocados na
Sesap sem conserto ou devolução à empresa para ressarcimento os danos
causados ao erário: “Não estou condenando o governo, queremos ver,
analisar e até depois, quem sabe, parabenizar a lisura do processo, mas
precisamos de resposta concreta acerca das medidas judiciais adotadas
pela Procuradoria do Estado, informando se já foi protocolada na Justiça
alguma ação visando ressarcimento dos valores pagos ao Consórcio do
Nordeste”.
O líder do governo, deputado Francisco do PT, não quis se
pronunciar sobre o caso específico da CPI do Covid, “vamos aguardar”,
mas lembrou que no caso da CPI das Ambulâncias e da CPI do Arena das
Dunas, “não podiam funcionar por causa da pandemia”, tendo inclusive o
plenário da Casa aprovado requerimento do deputado Getúlio Rego nesse
sentido em 20 de junho de 2020: “O critério deve ser único para todas”.
Regimento Interno define as regras
Conforme
o artigo 113 da Assembleia Legislativa, a instituição a Comissão
Parlamentar de Inquérito visa a apuração de fato determinado, a qual
terá poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de
outros previstos em Lei e no Regimento.
Em
caso de recebido ou aprovado o requerimento de constituição de CPI, a
Mesa tomará as providências para a fixação do número de seus membros, na
sessão seguinte ao recebimento ou à aprovação de requerimento. O
presidente da Assembleia, no caso o deputado Ezequiel Ferreira (PSDB),
consultará os líderes sobre a indicação dos membros das bancadas
partidárias.
A CPI terá
prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais trinta (30), mediante
deliberação do plenário. A Comissão poderá atuar também durante os
recessos parlamentares.
Independente
de deliberação do plenário o requerimento de constituição de Comissão
Parlamentar de Inquérito exige a subscrição de 1/3 dos membros da
Assembleia. O requerimento que não atenda ao disposto será submetido ao
plenário na sessão seguinte à de sua apresentação à Mesa. Do
requerimento deverá constar, com clareza e precisão, o fato a ser
investigado, considerando-se tal o acontecimento, devidamente
caracterizado, de relevante interesse para a vida pública e a ordem
constitucional, legal, econômica ou social do Estado.
Segundo o Regimento, não se admitirá CPI sobre matéria pertinente às atribuições do Governo Federal ou do Poder Judiciário.
(Por:Tribuna do Norte)

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