RIO DE JANEIRO/RJ
A Polícia Civil do Rio investiga se um dos alvos do ataque que deixou dois mortos e seis feridos, na tarde de anteontem, em um bar, em Paciência, na Zona Oeste da capital, é Thiago Souza Aguiar. Irmão de Toni Ângelo de Souza Aguiar, um dos chefes da maior milícia do Rio, Thiago está com a prisão decretada dese 2014, e é procurado pelo crime de formação de quadrilha ou bando. Na hora dos disparos, Thiago estaria na companhia de um policial militar.
A mesma informação também foi dada ontem ao EXTRA por uma testemunha do ataque ao bar. Ela disse ter visto o irmão de Toni no local.
— Ele estava sentado com um segurança. Frequentavam sempre este bar — disse a testemunha, que pediu para não ser identificada.
Agentes da Divisão de Homicídios (DH), que investigam o caso, tentaram localizar Thiago e o PM em hospitais da região, mas não os encontraram. Ainda não se sabe se os dois foram feridos ou não.
O crime teria sido motivado por um racha no maior grupo paramilitar do Rio. O problema começou quando Ricardo da Cruz Teixeira, o Batman, escolheu Ricardo Gildes, o Dentuço, para administrar as verbas da milícia. Em novembro de 2014, Dentuço foi assassinado por Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes. O crime teria sido encomendado por Toni, que não concordou com a escolha feita por seu ex-aliado.
Toni Ângelo está preso desde 2013. Ele foi baleado em uma boate em Campo Grande após uma discussão com um agente penitenciário, que acabou morto na troca de tiros.
Celio Paula da Silva, de 56 anos, e Antonio Carlos da Silva Eduardo, de 54, morreram durante o ataque. Os nomes de cinco feridos levados para o Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, não foram divulgados. O sexto foi o mecânico Thiago Lima Nunes, de 26, atendido no Hospital Pedro II, em Santa Cruz.
— Quatro pessoas encapuzadas saíram de um carro preto disparando tiros contra quem estava no bar. Não teve tiroteio nenhum durante a semana. Estamos assustados — diz um morador que, por medo, não quis ser identificado.
A Polícia Civil informou, em nota, que vítimas sobreviventes estão sendo ouvidas, além de testemunhas: “Os agentes realizam diligências para identificar a autoria do crime”.
Vigilante tinha ido buscar refrigerante
Era por volta do meio-dia quando Antonio Carlos da Silva Eduardo, de 54 anos, chegou ao bar na entrada do bairro União, em Paciência. Estava indo comprar o refrigerante para o almoçar com a esposa, os dois filhos e a neta. Nesse momento, quatro homens encapuzados saíram de um carro preto e abriram fogo contra quem estava pela frente. Não era alvo, mas, na guerra de poder da milícia, foi o trabalhador que perdeu a vida. Ao lado dele, Celio de Paula da Silva, de 56 anos, não teve nem tempo para uma reação. Morreu sentado numa cadeira de plástico.
Com medo, as famílias não quiseram falar com a imprensa. Apenas uma pessoa ligada a Antônio, que sempre trabalhou como vigilante, conversou com o EXTRA, na condição de anonimato. Ela contou que a vítima será enterrada hoje à tarde:
— As coisas estão bem complicadas. O filho dele frequentava muito aquele bar e está em estado de choque. A esposa está a base de remédios. Vai ser bem difícil para todo mundo. Todo dia eles têm que passar em frente ao local. Essa é a única entrada do bairro.
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