Uma nova geração de tartarugas marinhas adultas passou a ocupar as
praias e ilhas brasileiras nos últimos cinco anos. De acordo com dados
analisados pelo Projeto Tamar, criado há 35 anos para proteger animais
dessa espécie que passam pelo Brasil, de 2010 a 2015, houve crescimento
de 86,7% no número de filhotes nascidos em relação ao quinquênio
anterior.
“Estamos festejando o aparecimento dessa nova geração em idade
reprodutiva. Isso praticamente dobrou a população de tartarugas marinhas
no Brasil”, disse o coordenador-geral e um dos fundadores do projeto, o
oceanógrafo Guy Marcovaldi. Segundo ele, os números comprovam o início
da recuperação dessas espécies, mas não significam que a ameaça de
extinção acabou. “Quando o Tamar completar 70 anos, teremos um número
bom, porque será segunda geração de tartarugas, uma sobre a outra.”
De acordo com o pesquisador, quando o projeto começou, a tartaruga
era um prato de comida, e a matança de fêmeas e o consumo dos ovos
tinham praticamente interrompido o ciclo de vida desses animais. No
primeiro ano de atividade, em 1980, o Tamar ajudou a salvar 2 mil
tartarugas. Na temporada de desovas de 2013-2014, foram mais de 2
milhões de filhotes protegidos.
Estima-se que 7.350 tartarugas fêmeas estiveram em processo de
reprodução no Brasil no último ano. Marcovaldi explica que as tartarugas
são animais de vida longa e demoram 30 anos para atingir a idade
adulta. Por isso, os resultados de trabalhos de conservação demoram a
aparecer.
Nos últimos 35 anos, o Tamar protegeu mais de 20 milhões de
filhotes. “Mas, por fatores naturais, apenas um ou dois em cada mil
sobrevivem no mar”, explica Marcovaldi. No Brasil, as principais ameaças
à recuperação das tartarugas são as redes de pesca, os anzóis e a
poluição dos oceanos.
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