terça-feira, 1 de setembro de 2015

CPI do Senado discute crescimento de assassinatos de jovens em Natal‏. Senadores ouviram diversos ativistas de direitos humanos e visitaram famílias de jovens assassinados

PREOCUPAÇÃO
Foto: Divulgação
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O assassinato de jovens potiguares foi tema de audiência pública promovida pelo Senado Federal, nesta sexta-feira (28), na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. O encontro faz parte do ciclo de debates, promovido pela CPI que trata do mesmo tema, em alguns estados do país. A proposição foi da senadora Fátima Bezerra.

Segundo o Mapa da Violência deste ano, o estado saltou da 22ª para a quarta posição no ranking dos estados com o maior número de assassinatos de jovens entre 16 e 17 anos. Os senadores ouviram diversos ativistas de direitos humanos e visitaram famílias de jovens assassinados.

O coordenador de Informações Estatísticas e Análises Criminais da Secretaria de Segurança Pública do estado, Ivenio Hermes, apresentou dados segundo os quais foram registrados 3,3 mil assassinatos no Rio Grande do Norte de janeiro de 2013 a agosto de 2015. A maioria era de jovens entre 18 e 24 anos de idade, negros e pardos.

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) afirmou que o quadro de criminalidade de jovens segue o mesmo padrão em todo o país. “Trata-se quase de um extermínio da juventude. As estatísticas explodiram. Esse extermínio que tem cor, que tem rosto, que tem origem de classe. A maioria esmagadora dos jovens que são assassinados pelo país afora são jovens de cor negra, são jovens das periferias”, enfatizou.

Segundo o relator da CPI do Assassinato de Jovens, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o número de casos subiu quase 300% entre 2002 e 2012. Ele questionou, durante a audiência, qual era o perfil do jovem assassinado no Rio Grande do Norte.

“Lá no meu estado, Rio de Janeiro, o jovem morre muito em cima dessa política de guerra às drogas. A maior parte dos assassinatos acontece no enfrentamento com a polícia, com a milícia e com o tráfico “, disse.

Para esclarecer o senador, o defensor público Manuel Sabino explicou como funciona um grupo de extermínio que age em Natal, denunciado pelo Ministério Público. “Os envolvidos são policiais, que esperam uma troca de turno e torturam um conhecido usuário de drogas. Inclusive existe uma assinatura que é um tiro na batata da perna. Plantavam dois saquinhos de crack e entregavam para a patrulha para levar com o traficante”, relatou Sabino.

Também participaram da reunião da CPI os senadores Garibaldi Alves Filho e José Medeiros (PPS-MT). Durante a audiência pública foram ouvidos ainda o presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos e Cidadania, Marcos Dionísio Caldas; o conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Daniel Alves Pessoa; o coordenador estadual da Justiça para a Infância e a Juventude, juiz José Dantas de Paiva; o deputado estadual Fernando Mineiro; a secretária estadual de Juventude do RN, Divaneide Basílio; a representante do Conselho Estadual da Criança do Adolescente, Tomázia Araújo, entre outras pessoas da sociedade civil e familiares de jovens vítimas de assassinatos.

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