terça-feira, 1 de setembro de 2015

Secretaria do RN da Saúde Pública, esclarece morte de paciente com raiva humana. Menino A.V.F teria sido agredido por um gato há cerca de um mês

GATO
 
Foto:  Divulgação
Foto: Divulgação
Após nove dias internada na UTI pediátrica do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), uma criança de um ano e oito meses, oriunda da Paraíba, morreu no início da tarde deste domingo (30) com diagnóstico de raiva humana. O menino A.V.F teria sido agredido por um gato há cerca de um mês, também naquele estado. Após ter apresentado mal estar geral sem sinais de melhora, a criança foi trazida por familiares para ser tratada em hospitais do Rio Grande do Norte.

De acordo com a Subcoordenadoria de Vigilância Ambiental (Suvam) da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) a doença só foi confirmada por exames na última sexta-feira (28), mas desde que deu entrada na unidade, no dia 21 de agosto, a criança já vinha recebendo o tratamento recomendando pelo Ministério da Saúde para a Raiva Humana. Os médicos seguiram o protocolo que foi utilizado em dois casos de humanos que sobreviveram à raiva, um em Floresta/PE em 2008 e o outro em Milwaukee, Estados Unidos, em 2004. Segundo a Suvam, o diagnóstico foi realizado pelo Instituto Pasteur/SP através do teste da Imunoflurescência Direta (IFD) em biópsia do folículo piloso.

O paciente residente no município paraibano de Jacaraú, após ter apresentado mal estar foi trazido no dia 20 de agosto pela família ao Hospital Monsenhor Pedro Moura, em Nova Cruz/RN. Na ocasião apresentava um quadro de desidratação, vômito, febre, dispnéia e hipertensão arterial. Desta unidade de saúde o paciente foi transferido no mesmo dia, via Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), para o Hospital Infantil Varela Santiago. A criança apresentava agressividade, irritabilidade e fotofobia. No dia 21 de agosto, diante da necessidade de realização de uma tomografia computadorizada de crânio, foi transferido para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel em Natal.

Nesta unidade, foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo realizada a tomografia, coleta de líquor cefalorraquidiano e biópsia de folículo piloso, sendo estas amostras encaminhadas para o Instituto Pasteur em São Paulo, e para outros laboratórios de referência para encefalites. A partir da suspeita de raiva foi iniciado no HMWG o Protocolo de Tratamento da Raiva Humana. Ao mesmo tempo, a Sesap notificou a Secretaria de Saúde da Paraíba que logo iniciou investigação no local de residência do paciente. Quatro outras pessoas do município de Jacaraú/PB que foram agredidas pelo animal iniciaram a profilaxia antirrábica, com administração de soro e vacinas. Além destas, o pai do paciente também iniciou profilaxia antirrábica.

O último caso de raiva humana registrado no RN foi em 2010, no município de Frutuoso Gomes, neste caso sendo o morcego o animal transmissor da doença. No mundo estima-se que a raiva leve a óbito uma pessoa a cada dez minutos, especialmente na Ásia e África, sendo os casos de sobrevivência raros, pois a doença é considerada 100% letal. Este ano o Brasil já registrou um óbito humano por raiva transmitida por um cão de rua no estado do Mato Grosso do Sul.

No Rio Grande do Norte, segundo dados do Programa Estadual de Controle da Raiva da Sesap em 2015 já foram diagnosticados laboratorialmente 26 casos de raiva animal em 14 municípios. São eles: Acari, Caicó, Ceará-Mirim, Encanto, Monte Alegre, Natal, Pau dos Ferros, Pedro Velho, Riacho de Santana, São Fernando, São Gonçalo do Amarante, Serrinha dos Pintos, Tenente Ananias e Várzea. Os animais acometidos foram, sobretudo bovinos (12 casos) e morcegos não hematófagos (9 casos). Além desses animais, também chama a atenção o caso de raiva canina ocorrido em Caicó. Os outros animais acometidos foram: suínos, cavalo e raposa.

A raiva é uma zoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus presente na saliva e secreções do animal infectado, principalmente pela mordedura e lambedura. Caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda que apresenta letalidade de aproximadamente 100% dos casos. No Brasil, caninos e felinos constituem as principais fontes de infecção nas áreas urbanas.

A Sesap alerta a população da importância de se buscar atendimento médico para profilaxia da raiva na ocorrência de qualquer agressão por mamíferos (cão, gato, morcego, sagui, raposa, dentre outros). Além disto, reforça a necessidade de vacinar os animais domésticos anualmente contra a raiva, bem como evitar se aproximar de animais desconhecidos. A partir da suspeita de raiva em um animal, a recomendação é procurar a Secretaria de Saúde de seu município para encaminhamento da amostra para diagnóstico laboratorial. Diante de um resultado positivo nos animais, medidas de controle devem ser iniciadas na área da ocorrência, como a revacinação em massa dos animais domésticos.

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