Em nota conjunta, PF e ministério afirmam que a investigação de eventuais irregularidades identificadas no Sistema de Inspeção Federal (SIF) “se relacionam diretamente a desvios de conduta profissional praticados por alguns servidores”. “E não representam um mau funcionamento generalizado do sistema de integridade sanitária brasileiro.”
As investigações da PF levantaram suspeitas sobre a qualidade dos produtos fabricados por 21 empresas. Entre os problemas apontados estavam o uso de cabeça de porco na fabricação de linguiça, utilização de ácido ascórbico para melhorar a aparência de carnes e de papelão na carne.
Mais tarde, empresas citadas questionaram as escutas da PF e rebateram as conversas que envolviam a utilização de papelão. Disseram que o papelão mencionado era para embalar o produto.
O anúncio da investigação gerou uma reação negativa no mercado internacional. Vários mercados, como Hong Hong, China, Japão, Chile, Suécia, México e Jamaica anunciaram restrições à entrada da carne brasileira em seus territórios.
Em nota, PF e ministério dizem que a reunião de hoje teve o objetivo de “fortalecer a relação entre as instituições e reafirmar o compromisso de ambas em elucidar os fatos investigados”.
“O sistema de inspeção federal brasileiro já foi auditado por vários países que atestaram sua qualidade. O SIF garante produtos de qualidade ao consumidor brasileiro”, diz a nota.
O Brasil exporta o equivalente a 14 bilhões de dólares por ano em carnes. O setor emprega 6 milhões de pessoas.
Questionamento
O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, afirmou que houve “falha de comunicação” na divulgação dos resultados da Operação Carne Fraca.“A operação foi necessária, havia corrupção, servidores públicos envolvidos e alguns frigoríficos. Havia crime e a investigação aconteceu. Ao final, a nota da PF diz que foi a maior operação da história. Por quê? O número de mandados. Só que você dizer que é a maior, envolve uma série de variáveis com importância, repercussão econômica, social. Ao dizer que é a maior, dá uma dimensão muito grande, que talvez tenha gerado essa interpretação de que aqueles fatos eram um problema sistêmico de todo o mercado produtivo brasileiro”, afirmou Sobral.
O delegado considerou que apesar da investigação ter durado dois anos, não significa que a saúde dos consumidores tenha sido colocada em risco. “Eu não tenho detalhes da investigação. Do que eu vi, quando havia risco de um produto chegar ao consumidor, algumas medidas eram acionadas para evitar isso. Você continua com a investigação, mas não permite que a saúde seja prejudicada. É algo comum numa investigação dessa envergadura.”
(Com Estadão Conteúdo)
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