terça-feira, 18 de maio de 2021

Polícia investiga caso de racismo no jogo entre Potiguar e ABC

CASO DE RACISMO NO FUTEBOL DO RN

Após o jogo, o preparador de goleiros do ABC, Francisco de Assis discute com dirigentes e funcionários do Potiguar de Mossoró

A Polícia Civil, em Mossoró, irá investigar a denúncia de crime de racismo, que teria ocorrido após o apito final da partida entre entre Potiguar e ABC de Natal, no estádio Leonardo Nogueira que terminou com vitória dos mossoroenses por 1 a 0. Além disso, um crime de agressão também foi relatado após confusão generalizada no campo de jogo. Tudo foi registrado na  Delegacia de Plantão. 

O supervisor do Alvirrubro, Sandro Moreira, disse ter sido ofendido por insultos racistas de um membro da comissão técnica do ABC, Francisco de Assis "Pombo", que negou as acusações. O Alvinegro também é acusado de agredir o fotógrafo Léo Moura, do Alvirrubro. Os dois clubes emitiram notas oficiais sobre o caso.

As ofensas teriam acontecido logo após o jogo, quando dirigentes trocaram farpas após a vitória do Potiguar, com gol no último minuto. Sandro, que é negro, disse em entrevista à Jovem Pan News Natal que foi ofendido com expressões como "macaco" e "negro de bosta". Ele procurou a Polícia Militar, que estava no estádio, que conduziu o funcionário abecedista à delegacia.

“Eu não quero dinheiro, não quero nada dele. Apenas espero que ele pague pelo que fez, seja com multa, ou cestas básicas, ou trabalho comunitário. Só não quero que o fato fique impune”, comentou o supervisor do Potiguar de Mossoró em entrevista ao programa Tribuna Esporte, da Jovem Pan News Natal. 

O caso ganhou repercussão nacional e foi destaque no portal "Observatório da Discriminação Racial no Futebol", que acompanha casos de racismo no esporte brasileiro.

Na delegacia, o problema se estendeu até as últimas horas do domingo e pelo menos dois dirigentes do ABC foram até o local para acompanhar o caso. Um deles foi o advogado Eider Lima Cortez, que também conversou com a Jovem Pan News Natal. Segundo ele, o funcionário abecedista negou qualquer tipo de acusação racista contra o supervisor do Potiguar.

“Ele nega que tenho feito qualquer ofensa racista. No calro da discussão ele relata que foi ofendido e que respondeu, mas não admite que falou qualquer coisa de teor racista”, explicou.

Na delegacia, o boletim de ocorrência foi lavrado pelo delegado Valtair Camilo, plantonista. Segundo a Polícia Civil, foram registrados dois B.Os, uma vez que o treinador de goleiros do ABC também acusou o diretor do Potiguar de ter proferido palavras de baixo calão. Segundo a Polícia Civil, ambos negaram as acusações e confirmaram que apenas discutiram.

Em nota publicada logo após o jogo, a Associação Cultural e Desportiva Potiguar disse que “é grande não apenas pela sua Torcida e pelas suas conquistas, mas também pela sua batalha contra as mais diversas mazelas que contrariam a ética esportiva e social, dentro e fora do futebol. Por isso, o Clube Alvirrubro se movimenta e repudia totalmente os atos de racismo protagonizados por um membro da comissão técnica do ABC Futebol Clube, contra o nosso supervisor Sandro Moreira, no confronto deste domingo, 16, no Nogueirão, pela Copa RN. O Potiguar está #FechadoComOSandro”.

O ABC também emitiu comunicado oficial em seu site. O clube informou que o funcionário Francisco de Assis do Nascimento negou as acusações. “O ABC Futebol Clube não coaduna com qualquer ato de discriminação racial e, caso seja constatado qualquer desvio por parte do funcionário do Clube serão tomadas as providências cabíveis, jurídicas e administrativas. Jamais seremos omissos diante de acusações tão graves. Como em nosso manto, somos um clube de brancos e negros. Nenhum racista representa o ABC Futebol Clube . Não admitiremos, em nenhuma hipótese, a presença de cidadãos em nossos quadros, que não respeitem os princípios básicosda dignidade e respeito ao ser humano”. A nota é assinada pelo presidente abecedistas, Bira Marques.

A Federação Norte-rio-grandense de Futebol – FNF também se manifestou. Em suas redes sociais oficiais, a entidade escreveu que está acompanhando o desenrolar dos acontecimentos e que “repudia qualquer manifestação de natureza racista e pede rigor das autoridades competentes na apuração do caso”.


(Por:Tribuna do Norte)

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