Uma
das características mais básicas sobre a gripe é que seu vírus é
mutável. Isso explica por que sempre ficamos gripados e as vacinas nunca
conseguem proteger totalmente contra a doença (e precisam ser
atualizadas ano a ano). Porém, uma descoberta histórica pode mudar o
rumo do combate à gripe.
Esqueça analgésicos e antitérmicos. Uma
nova vacina promete dar conta de todas as mutações do vírus Influenza,
incluindo as mortais gripes H5N1 (conhecida como gripe aviária) e a do
tipo A (conhecida também como gripe suína). A descoberta histórica que
pode evitar milhares de mortes anualmente foi divulgada nesta
segunda-feira (24) nas duas mais importantes revistas científicas:
Science e Nature.
Os pesquisadores Antonietta Impagliazzo,
Fin Milder, Harmjan Kuipers, Michelle Wagner, Xueyong Zhu e Ryan M. B.
Hoffman lideraram o estudo que teve como resultado a proteção total de
ratos de laboratório e proteção ampla em furões. “Trata-se de um
importante primeiro passo na busca por uma vacina universal contra a
gripe em humanos, porém ainda não há data para que isso aconteça”,
afirmou o pesquisador Ian Wilson ao UOL.
A vacina foi desenvolvida a partir de
uma proteína presente em todas as mutações do vírus Influenza, chamada
de HA (hemaglutinina), que permite que o vírus se ligue à célula que
está infectando. Parte dessa proteína é mutável e parte permanece a
mesma nos vírus. A partir daí, os cientistas trataram de isolar essa
parte da proteína que é permanente e criar uma vacina que forçaria o
corpo a produzir anticorpos que teriam como alvo justamente essa parte
em comum do vírus. Mesmo com as mutações do vírus, a vacina combate as
pequenas partes da proteína que não se modificaram. O resultado foi
surpreendente. Os ratos e furões foram infectados com uma dose letal do
H5N1 (chamado de gripe aviária). A vacina protegeu quase todos os
animais da morte induzida.
Mais pesquisas ainda são necessárias
para determinar se a vacina funciona em humanos e para entender
exatamente o mecanismo como a vacina funciona. “Nosso objetivo é criar
um remédio capaz de proteger contra todos os tipos de gripes, tanto
aquelas que são epidemias pequenas, temporárias, até as mais fortes”,
concluiu Wilson.
Como funcionam as vacinas contra a gripe
Os cientistas desenvolvem as vacinas
contra a gripe com base nas mutações recentes do vírus influenza.
Análises de países do hemisfério Sul são usadas para “adivinhar” quais
tipos de mutações do vírus podem atingir o hemisfério Norte. É como se
eles fizessem a probabilidade de quais vírus terão maior chance de
atingir a população.
A partir daí, os pesquisadores usam
pedaços de vírus “mortos” na vacina, que força o sistema imunológico a
produzir um anticorpo contra aquela mutação específica. Assim, quando a
pessoa for infectada por aquele vírus que estava na vacina, porém sem a
capacidade agressora, ela terá como combater a infecção sozinha, já que
já terá os anticorpos. É como se fosse a chave para aquela fechadura
específica.
Com o tempo, as vacinas passam a perder o
efeito pois grande parte da população já está imunizada contra aquele
vírus, seja por causa da vacina, seja porque já pegou aquela gripe
específica. É por isso que a vacina da gripe precisa ser “atualizada”
ano a ano.
UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário