FUTEBOL
O goleiro Bruno Fernandes se apresentou no Fórum de Santa Luzia, na
Região Metropolitana de Belo Horizonte, na tarde dessa quinta-feira (2).
Ele foi comunicar à Vara de Execuções Criminais um endereço na capital
mineira, conforme determinava a decisão de soltura do Supremo Tribunal
Federal (STF), que concedeu a liberdade ao ex-jogador.
Bruno deixou a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados
(Apac), em Santa Luzia, no dia 24 de fevereiro, após ficar seis anos e
meio preso. A Justiça de Minas Gerais considerou o goleiro culpado pelo
homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado da
ex-namorada Eliza Samudio. O crime ocorreu em 2010, ano em que o goleiro
foi preso, e o julgamento, em 2013. A defesa dele queria a anulação do
júri, mas o recurso ainda não foi analisado pelo Tribunal de Justiça de
Minas Gerais (TJMG).
Alguns fãs esperavam pelo goleiro na porta do fórum e ele chegou a
fazer fotos com eles. Apesar de atender ao pedido, ele entrou no carro
sem dar declarações à imprensa. “Vocês sabem que as questões que
envolvem o Bruno ainda têm questões de pensão alimentícia, têm questões
processuais que tem que ser resolvidas com o antigo clube, que é o
Montes Claros, têm questões que qualquer coisa, nesse tumulto todo, a
gente pode falar e prejudicar negociações, algumas coisas aí para
frente”, justificou o advogado Lúcio Adolfo sobre o silêncio do goleiro.
Lúcio Adolfo disse ainda que apresentou um endereço em Belo Horizonte
à juiza da Vara de Execuções Criminais, mas informou que este endereço
pode mudar nos próximos dias porque o goleiro tem propostas de trabalho
de nove clubes em várias cidades, sendo três do Rio de Janeiro, dois de
São Paulo, um de Brasília e três de Minas Gerais. Ainda segundo Adolfo,
dois destes times disputam a Série A do Campeonato Brasileiro.
A expectativa do defensor de Bruno é que ele assine já um contrato com algum desses clubes em entre oito e dez dias.
“O ministro Marco Aurélio de Melo, quando determinou a revogação da
prisão preventiva e provisória, impôs apenas uma condição: que ele
apresentasse o endereço onde ele ia residir e que pudesse ser encontrado
para qualquer do atos posteriores do processo. Então eu vim hoje, em
respeito ao Judiciário, informar a juíza de Execução Criminal que ele
está em determinado endereço, onde ele vai residir oficialmente, vai
estar, mas apenas eu queria avisar que, dentro da necessidade contratual
da questão de trabalho dele, pode ser que, oportunamente, e muito
brevemente, tenho certeza, ele terá que informar um novo endereço porque
ele tem propostas de trabalho que não são em Belo Horizonte”, explicou o
advogado.
Adolfo ainda disse que Bruno vai, nesta sexta-feira (2), para o Rio
de Janeiro, onde a mulher, Ingrid Calheiros, mora e trabalha como
dentista. Segundo o advogado, ele vai para conhecer a casa.
A decisão de soltura do goleiro foi assinada pelo ministro Marco
Aurélio Mello, do STF. Embora tenha sido condenado, o goleiro estava
preso preventivamente, enquanto aguarda o julgamento de sua apelação.
Ele deixou a cadeia acompanhado da mulher, Ingrid Calheiros, e do
advogado Lúcio Adolfo.
O ministro Marco Aurélio entendeu que há excesso de prazo nessa
prisão e que o goleiro tem direito a aguardar em liberdade a decisão
sobre os recursos. Depois de julgados os recursos, caso a condenação
seja mantida, ele deve voltar para a prisão.
O advogado de Bruno, Lúcio Adolfo, lembrou que a decisão de Marco
Aurélio é provisória e que o ministro ainda precisa decidir sobre o
mérito do pedido de liberação.
“Trata-se de uma decisão liminar [provisória] no habeas corpus, o
habeas corpus ainda terá que ser julgado, mas dificilmente, pode voltar
atrás depois de colocar um rapaz primário, bons antecedentes na rua”,
disse Lúcio Adolfo.
De acordo com o TJMG, a condenação de Bruno em primeira instância
está mantida até que todos os recursos da defesa sejam julgados. O
goleiro deverá ter endereço fixo, devidamente informado à Justiça. Sobre
a demora no julgamento do pedido de habeas corpus, o tribunal disse que
não iria se manifestar.
A advogada que representa a mãe de Eliza Samudio disse que Sônia
Samudio ficou muito tensa com a libertação do goleiro. A defensora
também declarou que espera que a liminar seja derrubada pelo STF.
Com informações do G1
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