Bolsonaro inaugura aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, na Bahia (Eliezer Oliveira/Futura Press/Folhapress)
O presidente Jair Bolsonaro aproveitou o discurso de inauguração de um aeroporto em Vitória da Conquista, na Bahia, para afagar o Nordeste e tentar diminuir as tensões que criou com políticos da região na última semana. Para uma plateia formada por convidados selecionados, Bolsonaro disse amar os nordestinos e afirmou não haver divisões entre as regiões do país.
Bolsonaro entrou em conflito com os governadores do Nordeste, que em sua maioria são filiados a partidos de oposição, na última sexta-feira, 19, quando vazou o áudio de uma conversa em que usou a expressão pejorativa “de Paraíba” para se referir aos chefes dos Executivos Estaduais.
“Não estou em Vitória da Conquista, na Bahia e nem no Nordeste. Estou no Brasil. Não há divisões entre nós de sexo, raça, cor, religião ou região. Somos um só povo. Uma só raça”, disse Bolsonaro. “Eu amo o Nordeste. Afinal de contas, a minha filha tem nas suas veias sangue de cabra da peste.”
Bolsonaro fez um aceno ao prefeito de Salvador, ACM Neto, ao dizer que ele teria o seu apoio se um dia decidisse concorrer à Presidência da República. “Mais na frente, se Deus quiser, você ocupará a honrosa cadeira que ocupo”, afirmou.
O presidente disse lamentar muito a ausência do governador Rui Costa (PT) no evento. Ele reiterou, no entanto, que não compactua com políticos que queiram impor “o socialismo ou o comunismo” no país.
Tensão em alta
A presença do governador Rui Costa na cerimônia estava confirmada, mas ele decidiu não comparecer. O petista acusou o governo Bolsonaro de fazer uma inauguração “restrita a poucas pessoas, escolhidas a dedo, como se fosse uma convenção político-partidiária”.
Nesta terça-feira, Costa vetou a presença da Polícia Militar no evento de inauguração porque, segundo ele, o Palácio do Planalto organizou uma cerimônia “exclusivamente federal” e com restrição à presença do “povo baiano”. Tapumes foram colocados ao redor do aeroporto para restringir o acesso do público.
“Se o evento é exclusivamente federal, as forças federais que cuidem da segurança do presidente. Não posso botar a PM pra entrar em conflito com pessoas que querem ver o aeroporto”, afirmou Costa, em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador.
Bolsonaro deve ser alvo nos próximos dias de uma ação movida em conjunto por parlamentares na Procuradoria-Geral da República (PGR). Em razão das declarações contra os governadores, será protocolada contra o presidente uma notícia-crime que o acusará de cometer os delitos de racismo e de ameaça.
O aeroporto Glauber Rocha – batizado em homenagem ao cineasta natural de Vitória da Conquista – custou cerca de 145 milhões de reais em recursos do governo federal e estadual, com financiamento federal concluído na gestão presidencial anterior, de Michel Temer (MDB).
(Por:Veja.com.br)
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