Oito condenados à morte por tráfico de drogas na
Indonésia foram executados por fuzilamento na tarde de terça-feira (horário
de Brasília, madrugada de quarta na Indonésia).
Australianos Chan e Sukumaran foram condenados à morte por serem líderes do grupo "Os Nove de Bali"
Foram sete estrangeiros, inclusive o paranaense Rodrigo
Muxfeldt Gularte. Entre os executados havia ainda dois cidadãos da Austrália,
três da Nigéria e um de Gana.
Numa decisão de último momento, autoridades pouparam a
única mulher do grupo, uma filipina, depois que a pessoa que a teria recrutado
como 'mula' ter se entregue.
Mary Jane Fiesta Veloso, de 30 anos, havia sido presa ao
tentar entrar com 2,5 kg de heroína na Indonésia. Ela disse que havia viajado
ao país porque uma amiga da família havia lhe prometido um emprego como
doméstica.
Alegou, também, que a mulher integrava uma quadrilha
internacional que secretamente colocou a droga dentro da mala que carregava.
Pedidos de clemência de familiares e dos países foram
rejeitados pelo presidente indonésio, Joko Widodo, que alega que o país está em
uma situação de "emergência" causada pelas drogas.
A Procuradoria Geral indonésia disse que todos eles já
haviam esgotado as possibilidade de recorrer das sentenças. Eles foram
executados simultaneamente na prisão de Nusakambangan, onde eram mantidos em
isolamento.
Rodrigo
Muxfeldt Gularte
Paranaense de Foz do Iguaçu, foi preso em julho de 2004
no aeroporto Sukarno Hatta, em Jacarta, com 6kg de cocaína escondidos em
pranchas de surfe. Foi condenado à morte em 2005.
A família tentava que ele fosse transferido para um
hospital psiquiátrico após ter sido diagnosticado com esquizofrenia.
Gularte foi submetido a um exame a pedido das autoridades
indonésias em março, mas o resultado jamais foi divulgado, apesar de pedidos da
família e do governo brasileiro.
A família nutria esperanças de uma reviravolta final,
tida como improvável. Antes da execução, a Justiça indonésia havia ignorado
recurso da defesa que pedia revisão da decisão do presidente de negar-lhe
clemência.
Outra tentativa de reverter a sentença - o pedido de
transferência da guarda de Gularte para sua prima - teve audiência marcada para
o dia 6 de maio, depois da execução, o que foi criticado pela defesa do
brasileiro.
Myuran Sukumaran
Sukumaran tinha 33 anos e era cidadão australiano nascido
em Londres. Em 2006, uma corte em Bali considerou-o chefe do "Os Nove de
Bali" - um grupo de australianos preso em Bali com mais de 8 kg de heroína
que seriam enviadas para a Austrália.
Foi condenado à morte em 2006 e teve seu pedido de
clemência rejeitado em dezembro de 2014.
Os advogados de Sukumaran alegam que ele havia mudado
desde que entrou na prisão - na penitenciária de Kerobokan, em Bali, ele
conduzia grupos de estudo da Bíblia e uma escola de culinária.
Seu irmão, Chinthu Sukumaran, disse ao jornal Sydney
Morning Herald que não conseguia acreditar que "este era o fim".
"Ainda não perdemos a esperança", disse na ocasião.
Andrew Chan
Chan, de 31 anos, era australiano e junto com Sukumaran
foi condenado à morte em 2006 por pertencer ao grupo "Os Nove de
Bali".
Ele foi preso no aeroporto de Bali em abril de 2005 e
teve seu pedido de clemência negado em janeiro deste ano. A defesa também argumentava
que ele havia se recuperado na prisão, e dava aulas sobre a Bíblia e de
culinária.
Em um de seus últimos desejos, Chan casou-se com uma
indonésia na prisão, na segunda-feira.
Martin Anderson
Anderson era cidadão de Gana nascido em Londres em 1964.
Ele foi preso em Jacarta em 2003.
Seu pedido de clemência foi rejeitado em janeiro deste
ano.
Zainal Abidin bin Mgs Mahmud Badarudin
Badarudin era o único cidadão indonésio entre os detentos
a serem executados. Ele foi preso em dezembro de 2000 e condenado à morte por
posse de maconha no ano seguinte.
Sua clemência foi negada em janeiro deste ano.
Raheem Agbaje Salami
Salami era um nigeriano com passaporte espanhol.
Acredita-se que seu nome verdadeiro seja Jamiu Owolabi Abashin, mas ele entrou
na Indonésia usando um passaporte espanhol com o nome de Raheem Agbaje Salami.
Foi preso com cerca de 5kg de heroína dentro de sua mala
no aeroporto de Surabaya em setembro de 1998. Foi sentenciado à prisão perpétua
em abril de 1999, pena que foi reduzida para 20 anos. Mas, após recurso, a
Suprema Corte condenou-o à morte.
Seu pedido de clemência foi rejeitado em janeiro deste
ano.
Sylvester Obiekwe Nwolise
Nwolise era um cidadão nigeriano nascido em 1965. Foi
condenado à morte em setembro de 2004 pela Justiça de Tangerang. Seu recurso de
leniência foi rejeitado em fevereiro.
Ele foi considerado culpado pelo tráfico de 1,1 kg de
heroína no aeroporto de Jacarta, em 2002.
Em janeiro, o órgão indonésio de combate às drogas
afirmou que Nwolise liderava um cartel de drogas dentro da prisão de
Nusakambangan, onde estava detido.
Okwudili Oyatanze
Oyatanze era um nigeriano de 45 anos e foi condenado à
morte por traficar 1kg de heroína através do aeroporto de Jacarta em 2001.
Seu pedido de clemência foi rejeitado em fevereiro deste
ano.