segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Dia de Finados: grupos de apoio ajudam pessoas a superarem o luto no RN. Apoio de familiares e amigos também ajudam na adaptação ao luto, mas por vezes se tornam insuficientes, o que faz os enlutados buscarem auxílio de outra maneira.

 DIA DE FINADOSGrupos ajudam a pessoas a lidarem com o luto — Foto: Raniery Melo/MKTGV

 Grupos ajudam a pessoas a lidarem com o luto — Foto: Raniery Melo/MKTGV

Grupos de apoio no Rio Grande do Norte têm ajudado pessoas a lidarem com o luto após a perda de entes queridos. Esse recurso, segundo especialistas, é uma da maneiras de tentar conviver com a nova realidade e ultrapassar algumas barreiras. 

 Muitos desses sentimentos voltam à tona nas homenagens no Dia de Finados, que acontece nesta segunda-feira (2). 

Um desses grupos no estado é o Chá da Saudade, do cemitério e crematório Morada da Paz, que tem unidades em Natal, na Região Metropolitana e em Caicó.  

Em grupos, os participantes compartilham e ouvem experiências com a saudade num momento de apoio e empatia com a história do outro.

“Eles partilham a vivência diante da reorganização do cotidiano e sentimentos nesse processo de elaboração do luto e compartilham os recursos de enfrentamento. E eu estou ali mediando e acolhendo”, explicou a psicóloga do Grupo Vila e especialista em luto, Rafhaela Barros.  

Uma das participantes do Chá da Saudade é a dona de casa Girleide Duarte, que perdeu o filho de 38 anos há cerca de dois anos e meio. 

Ela conta que o contato com o grupo de escuta e com as histórias dos outros participantes têm auxiliado em seu luto.  

“Faz mais ou menos dois anos que sou assistida pelo Chá da Saudade, o qual tem me ajudado bastante nesse processo do luto, assim com relatos das outras pessoas do grupo, quando são de superação”, disse. 

Girleide perdeu o filho Júnior há cerca de dois anos — Foto: Cedida

 Girleide perdeu o filho Júnior há cerca de dois anos — Foto: Cedida

 Especialistas no tema dizem que o processo do luto é diferente para cada pessoa. E em muitos casos, o apoio é buscado na família ou com amigos, o que pode ser uma alternativa. 

Apesar disso, há momentos em que às vezes apenas isso não basta.  

"Hoje, só divido com o grupo minhas dores, pois, com o tempo, nem todos querem te ouvir, sempre dando ponto final ou mudando de assunto”, contou Girleide. 

“Esse tempo (dois anos) para uma mãe é muito curto para perda de um filho tão magnífico como era meu Júnior. Tínhamos um amor múltiplo um pelo outro".

Segundo a psicóloga Rafhaela Barros, “esse apoio de pessoas próximas é relevante, mas quando traz muitas dúvidas sobre as atitudes da pessoa em luto pode gerar sofrimento”.  

“A rede de apoio é muito importante neste processo de luto. O que acontece muitas vezes é que a dificuldade de lidarem com alguém enlutado gera questionamentos sobre comportamento, e isso acaba trazendo mais sofrimento", diz. 

 "O grupo religioso, por exemplo, é um recurso de enfrentamento importante, pois a visão da religião sobre a morte agrega na forma com cada um vai lidar com a perda”.

O Chá da Saudade acontece desde 2016 no Morada da Paz no RN promovido pela equipe de psicologia do luto. Com a pandemia, os encontros neste período ocorrem no formato on-line.  


(Por G1 RN)

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