sábado, 20 de fevereiro de 2021

Maia planeja desfiliação do DEM até o fim do mês

MUDANÇA

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse ao Portal do Estadão que planeja apresentar seu pedido de desfiliação do DEM até o final do mês. Rodrigo Maia vai fazer o pedido junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alegando “justa causa”, já que ficou sem condições de permanecer na legenda depois dos embates públicos que teve com o comando do partido durante a eleição para a Presidência da Câmara. 

 Assim que for enviado, o recurso precisará ser analisado pelo TSE para saber se há procedência no pedido. Pela lei de fidelidade partidária, Maia só poderá mudar de sigla se o tribunal considerar que há um motivo forte o suficiente que justifique isso. Do contrário, perderá o direito ao mandato parlamentar se deixar o DEM. 


A princípio, havia até a intenção da direção do partido de permitir que Maia deixasse a legenda, sem reivindicar o seu mandato. Mas com o acirramento da briga com o presidente do DEM, ACM Neto, a quem criticou o caráter, isso foi colocado de lado. 

Rodrigo Maia disse ao Estadão que ainda não decidiu a qual partido pretende se filiar. Segundo ele, essa decisão será tomada apenas mais para frente. Entre as opções possíveis estão PSDB, PSL, MDB e Cidadania e até uma nova legenda que seja fruto da fusão de partidos atuais e que poderia abrigar uma frente política de centro. 

Dissidentes
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta também tem demostrado insatisfação com os atuais rumos do DEM. Ele afirmou recentemente que pretende decidir se continua ou não na sigla após conversas com o presidente do DEM, ACM Neto. O encontro está marcado para a próxima semana.
“A base do partido virou uma geleia. ‘Posso estar com Doria, Bolsonaro, Mandetta, Huck ou Ciro’. Daqui a pouco até Lula vai aparecer como cotado para receber o apoio”, disse Mandetta no começo da semana. Primeiro ministro da Saúde de Bolsonaro, Mandetta deixou o governo em abril de 2020 depois de um mês de atritos com o presidente da República sobre como enfrentar a pandemia da covid-19. 

Meses depois de deixar o ministério, o médico disse que o comportamento de Bolsonaro durante a pandemia contribuiu para elevar o número de mortes no país. Até agora, mais de 230 mil brasileiros foram vitimados pela doença, segundo dados oficiais.

“Nós ainda não confirmamos quando vai acontecer, mas já sinalizamos uma conversa. Sem ser essa semana, a partir da outra. Ainda sem local ou data, mas ainda este mês, para tratar sobre o presente e o futuro”, disse ACM Neto ao Estadão. “É natural que aconteça esse papo aí nos próximos dias, ainda este mês. Mas não é uma reunião formal do partido. É um bate-papo dele comigo e algumas pessoas (do DEM)”, afirmou o ex-prefeito de Salvador.  A reportagem apurou que devem estar presentes o ex-governador do Rio Grande do Norte José Agripino Maia e o ex-ministro da Educação Mendonça Filho, entre outros. 

O Estadão questionou ACM Neto e Mendonça Filho sobre qual caminho deverá ser seguido por Mandetta, mas ambos evitaram comentar. A possibilidade de o ex-ministro deixar o DEM, acompanhando a provável saída do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), é debatida nos bastidores. No caminho inverso, uma outra hipótese em discussão é a da sigla lançar Mandetta como pré-candidato à presidência da República. 

Maia e Mandetta reclamaram publicamente da aproximação do DEM com o governo Bolsonaro durante a eleição para a presidência da Câmara, quando o partido abandonou a aliança de Baleia Rossi (MDB-SP), favorecendo o candidato do Palácio do Planalto, Arthur Lira (Progressistas-AL).

Depois de deixar o cargo de ministro, Mandetta passou a ver seu nome incluído em pesquisas de intenção de voto para 2022. No fim de janeiro, pesquisa Atlas mostrou o médico com 3,4% das intenções de voto, porcentual próximo daquele obtido pelo governador tucano de São Paulo, João Doria (3,6%), e maior que o apresentador Luciano Huck (1,9%). 


(Por:Agência Cãmera)

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