QUÊNIA
Berlim (DW/AE) - Ao menos 147 pessoas, possivelmente todas elas
estudantes, morreram ontem num atentado executado pelo grupo radical
islâmico Al Shabaab na universidade de Garissa, no nordeste do Quênia. O
balanço anterior, divulgado pelo governo, era de 70 mortos. “Há 147
mortes confirmadas no atentado de Garissa”, afirmou o Centro Nacional de
Gestão de Catástrofes (NDOC) em comunicado. A operação realizada pelas
forças de segurança quenianas para retomar o controle sobre a
universidade “terminou e os quatro terroristas foram mortos”,
acrescentou o NDOC. Segundo o balanço anterior, divulgado pelo ministro
do Interior do Quênia, Joseph Nkaiserry, há ainda 79 feridos.
SIMON MAINA/AFP/ESTADÃO CONTEÚDO
Sobrevivente de ataque do grupo extremista Al-Shabab é levado pelas equipes de socorro ao hospital nacional Kenyatta, em Nairóbi
No amanhecer da quinta-feira, combatentes do Al Shabaab, armados com metralhadoras, invadiram o campus universitário na cidade de Garissa, a 150 quilômetros da fronteira com a Somália, atirando contra estudantes cristãos. Eles mantiveram cristãos como reféns e trocaram tiros com forças de segurança por várias horas. “Infelizmente perdemos um monte de vidas. Não confirmamos o total, mas são por volta de 70 alunos. E 79 ficaram feridos, sendo nove em estado crítico”, disse Nkaiserry, horas antes do balanço divulgado pelo NDOC.
O ataque aconteceu quando muitos estudantes ainda estavam nos dormitórios. Esse é o pior ataque no país desde o atentado contra a embaixada dos Estados Unidos, em 1998, quando 213 pessoas morreram.
“Um homem ordenou que deitássemos no chão e foi o que fizemos. Ele perguntou se éramos muçulmanos e eu respondi ‘sim. Por favor, não nos mate. Somos muçulmanos’”, relatou Nasir Abdurahman, estudante do segundo ano. “Ele perguntou se podíamos recitar a Shahada (a declaração de fé do islamismo) e eu recitei em voz alta. Meus amigos também recitaram em volume alto. Ele disse, ‘vocês podem ir agora’ e indicou o portão da frente para sairmos.” Assim que Abdurahman saiu, ele ouviu disparos de armas e gritos.
Os terroristas foram mortos depois que forças de segurança quenianas lançaram uma ofensiva no último edifício onde os insurgentes estavam encurralados havia mais de 12 horas.
O ministro disse que aproximadamente 500 dos 815 estudantes do Garissa University College foram resgatados. Alguns conseguiram escapar sem ajuda.
O chefe da polícia queniana, Joseph Boinet, disse que o Quênia introduziu um toque de recolher, das 18h30 às 6h30, em quatro regiões próximas da fronteira com a Somália, como medida de segurança. Ele afirmou ainda que os extremistas dispararam indiscriminadamente dentro do complexo universitário.
O governo queniano também ofereceu uma recompensa de cerca de 215 mil dólares pelo principal suspeito de ter organizado e planejado o ataque. Autoridades de segurança divulgaram uma fotografia de Mohammed Dulyadayn, também conhecido como Mohammed Kuno Gamadheere ou xeique Mohammed, um ex-professor que lecionava sobre o Alcorão e que teria se unido ao extremistas somalianos e chegado a postos de comando.
O Al Shabaab assumiu a responsabilidade pelo ataque, realizado nas primeiras horas da manhã, numa região localizada a 140 quilômetros da fronteira com a Somália. O grupo tem ligações com a rede terrorista Al Qaeda e já realizou uma série de ataques em solo queniano, em retaliação ao envio de tropas quenianas para combater o grupo na Somália.
Sheikh Abdiasis Abu Musab, porta-voz de operações militares do Al Shabaab, disse que o grupo manteve muitos cristãos como reféns. “Separamos as pessoas, libertando os muçulmanos”, declarou à agência de notícias Reuters.
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