sexta-feira, 3 de abril de 2015

Baixa procura por peixes desanima os comerciantes de Natal na Semana Santa. Preço do quilo está variando entre R$ 12 e R$ 28. Expectativa é aumento nas vendas até o próximo sábado

PREÇO INFLUI

Foto: José Aldenir
Foto: José Aldenir
Alessandra Bernardo
alessabsl@gmail.com

Apesar de já estarmos na Quinta-feira Santa, as vendas de peixes e frutos do mar estão abaixo do esperado pelos comerciantes que trabalham no Mercado do Peixe e na feira, no bairro das Rocas, na zona Leste de Natal. Eles reclamam que a procura ainda é tímida e que a expectativa é que ela cresça a partir de amanhã, quando muitas pessoas só consomem pescados conforme a tradição católica. Já os consumidores afirmam que os preços altos são o principal entrave na hora da compra.

Para o comerciante Marcos José, que trabalha há 30 anos com peixes, esse é um dos anos mais fracos já vividos pelo setor, justificado também pelo fato dos supermercados também comercializarem o produto com preços muitas vezes abaixo do praticado pelos pescadores. Ele disse ainda que, em seu boxe no Mercado do Peixe, os preços variam entre R$ 20 e R$ 28 o quilo e que, apesar de tudo, ainda tem esperança de aumento de vendas até o próximo sábado.

“A esperança existe porque o brasileiro tem o costume de deixar tudo para última hora, então, não seria diferente na hora de comprar o peixe para a Semana Santa. Mas, o fato é que a grande concorrência praticada pelos supermercados, que adquirem produtos em grande número e podem, por isso, vender a preços mais baixos, atrapalha bastante o nosso comércio”, desabafou.

O comerciante Vanilson Pinheiro compartilha a mesma expectativa que Marcos José e afirmou que pretende trabalhar até o sábado (04) na Feira do Peixe, para tentar vender todo o material que possui para a Semana Santa deste ano. Ele, que também trabalha há 30 anos com pescados, iniciou a comercialização dos produtos na manhã de hoje e acredita que as vendas devem aumentar a partir de amanhã.

“Tenho peixes de vários tipos e com preços que variam entre R$ 12,00 e R$ 26 o quilo, ou seja, dá para agradar a todos os gostos e bolsos. Por isso, estou animado e esperançoso sim. Temos que confiar e trabalhar para oferecermos o melhor, a um preço justo para as duas partes, para que todos saiam felizes”, afirmou.

Entre os peixes mais procurados estão o Cioba, Robalo, Dourado e Pescada Branca, que podem ser preparados assados, fritos ou cozidos e também o camarão, que pode ser acrescentado a vários pratos, por exemplo. Seu preço varia de acordo com o tamanho, entre R$ 22 o médio e R$ 28 o grande. Já o filé, sem cascas e cabeça, pode ser encontrado na faixa de R$ 40.

Coco seco e coentro em alta
Se os comerciantes de peixe estão aguardando os próximos dois dias para conseguirem boas vendas, quem trabalha com ingredientes usados no preparo dos pratos, como coco seco e coentro, por exemplo, comemora a boa fase. É o caso do ambulante Edmilson Martins, que passa as manhãs oferecendo seus produtos aos clientes que freqüentam a feira do peixe, para incrementar os pratos da Semana Santa.

“Ninguém prepara o peixe só com água, por isso, trabalho com os ingredientes mais usados pelas cozinheiras, como coco seco, coentro, cebolinha, bredo e pimenta de cheiro, essenciais nesta hora. Comecei ontem e somente na manhã de hoje, já vendi cerca de 50 cocos, além de batata inglesa, cenoura e os outros itens. Estou feliz com as vendas e acho que amanhã será melhor ainda que hoje”, afirmou.

Clientes
Atento aos peixes exibidos pelos vendedores, o funcionário público Marcony Lima falou que desde a semana passada está pesquisando preços e comparando a qualidade dos produtos, antes de efetivar a compra. Para ele, é essencial analisar a relação custo-benefício dos itens e que os preços praticados pelos comerciantes estão aceitáveis.

“Na minha família, peixe é sagrado no almoço da Sexta-feira Santa, por isso, temos que prestar bastante atenção à qualidade do produto, sem deixar de analisar o preço a ser pago. Sei que eles aumentam durante a semana, mas ainda assim, decidi pesquisar mais neste ano e desde a última sexta-feira (27) que ando em feiras e supermercados, por isso, deixei para comprar apenas hoje”, falou.

Quem também deixou para adquirir o pescado na véspera foi a comerciante Lucimar Laurentino, que passou a manhã de hoje na feira do peixe, nas Rocas. Ela disse que comprou Cioba, Beijupirá e Tainha e que já decidiu a forma que irá preparar cada um deles, para os próximos três dias.

“Na minha casa, só comemos peixe na Semana Santa, sempre variando a forma de preparo para ninguém reclamar, por isso, escolhi três tipos diferentes, para variar ao máximo e ninguém enjoar. O Cioba vai vira uma moqueca, o Beijupirá será frito e depois, cozido no leite de coco e a Tainha, frito em postas. Acredito que paguei um preço justo por eles”, falou.

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