quarta-feira, 27 de maio de 2015

Grupo de mães de autistas de Natal reforça a luta pelo direito à Educação e Saúde. Visita de Berenice Piana, autora da Lei 12.764/12, dá novo fôlego aos pais de autistas. Diagnóstico precoce e inclusão escolar são os principais problemas enfrentados

CONCIENTIZAÇÃO & INCLUSÃO
 
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A visita de Berenice Piana, nesta segunda-feira, foi considerada um marco na luta de pais de pessoas com Transtorno do Espectro Autista que moram em Natal. A mãe de autista e ativista da causa, que é a principal responsável pela criação da Lei 12.764/12, foi convidada pela Comissão de Direito à Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Norte para falar sobre as inúmeras dificuldades enfrentadas pelos autistas.

Saúde e Educação são os pontos mais críticos. E a luta já começa na dificuldade do diagnóstico precoce, talvez por desconhecimento ou medo dos profissionais, e segue forte com a falta de tratamentos e terapias na rede pública de saúde. Sem falar no abalo emocional que a notícia traz para a família da criança. Na Educação, a inclusão escolar é o principal desafio. Muitas escolas não estão preparadas para receber o aluno com necessidades educacionais especiais, principalmente quando se trata de um caso de autismo, que envolve muitas questões e pode assustar por ser mais complexo.

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As dificuldades motivaram Berenice Piana a lutar por uma lei que garantisse os direitos das pessoas com autismo no Brasil. Ela conta que demorou muito até encontrar o diagnóstico do filho, que hoje está com 21 anos, mas conseguiu avanços significativos com as terapias e tratamentos. Assim como ainda acontece com muitos pais, ela revela que descobriu sozinha. “Mas e quem não tem acesso à informação e dinheiro para pagar as inúmeras terapias? Essa foi a minha maior preocupação e motivação, eu precisava fazer alguma coisa por essas pessoas”, disse.

A batalha foi grande até conseguir a aprovação da Lei 12.764/12 (“escrita em casa” por Berenice Piana), que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. “A grande luta agora é fazer que saia do papel, precisamos cobrar da sociedade e do poder público”, afirma.

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Em Natal, de acordo com relatos de mães que participaram do encontro da OAB, escolas privadas ainda negam vagas, cobram taxa extra, reduzem o tempo da criança em sala de aula, não disponibilizam acompanhante terapêutica, entre outras questões. Na rede pública, a falta do auxiliar é o maior problema. “Sei que é realidade, mas os pais não podem aceitar”, enfatizou Berenice.

A ativista parabenizou a união das mães de Natal, que em outubro de 2013 criaram o grupo “Corujas Batalhadoras”. Mais de 160 mães se comunicam diariamente, em dois grupos de WhatsApp e no Facebook. Elas trocam informações, pedem opiniões, comemoram conquistas, dão e recebem apoio; também levantam bandeiras como a caminhada pela conscientização sobre o autismo e criação de comissão de pais de alunos com necessidades educacionais especiais. “Natal era um papel em branco, mas vocês estão começando a escrever a história. Eu me sinto acolhida aqui e quero voltar”, afirmou Berenice, que pediu para participar do grupo de mães e foi prontamente atendida.

“A história dela é emocionante e trouxe muita motivação para todas as mães. É um exemplo que torna mais forte a nossa missão. O grupo ganhou novo fôlego e agora queremos lutar não só por nossos filhos, mas pela causa. A sociedade precisa respeitar as diferenças”, disse Viviane Rios, mãe do pequeno Gabriel.

Berenice Piana também conheceu a Associação dos Pais e Amigos dos Autistas do RN. Cedida.
Berenice Piana também conheceu a Associação dos Pais e Amigos dos Autistas 
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Prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, recebeu Berenice Piana e prometeu colaborar com a causa. Cedida
Prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, recebeu Berenice Piana e prometeu 
colaborar com a causa. 
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