quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Mídia internacional é descrente com futuro pós-impeachment. Fazendo uma projeção, o 'Guardian' avalia que a “velha política vai calmamente engavetar a Lava Jato e restaurar as políticas conservadoras do passado”

O FUTURO- DO BRASIL
A saída de Dilma Rousseff, segundo avaliação da imprensa internacional, não irá resolver os problemas do país. Esse é a principal mensagem extraída da cobertura internacional do processo de impeachment da presidente afastada. Nesta quarta-feira acontece no Senado em Brasília a votação derradeira para afastar Dilma definitivamente e vários jornais do planeta aproveitaram a oportunidade para emitirem sua opinião.
O jornal americano The Washington Post avalia que o longo processo de impeachment, que se arrastou por nove meses, pode servir para “alienar mais ainda eleitores desencantados com o sistema político”. O diário afirma ainda que o processo desmobilizou a esquerda no país, citando os fracos protestos pró-Dilma em Brasília nesta semana e a postura “desapaixonada” de congressistas do PT em defesa da presidente afastada. O texto também aponta que o presidente interino, Michel Temer, é tão impopular quanto Dilma.

O também americano The New York Times (NYT), em reportagem de seu correspondente no Brasil, informa que o processo de impeachment pode servir de ponto final para um dos períodos mais tumultuados da democracia no Brasil, mas lembra também que Temer é um líder impopular e pertence a um dos partidos mais atingidos pelos escândalos de corrupção, o PMDB.

Para o britânico The Guardian, as pedaladas são apenas o “pretexto legal” para afastar Dilma. “As verdadeiras razões para impeachment são políticas. Dilma Rousseff é extremamente impopular porque ela é culpada pelas múltiplas crises que o país enfrenta e revelou-se uma líder inepta”. Fazendo uma projeção para o futuro, o diário avalia que em um cenário mais favorável, “a economia vai engrenar no próximo ano e Lava Jato irá limpar o câncer político da nação”. Em outro cenário, a “velha política, uma vez que Lula e Dilma Rousseff estão fora do caminho, vai calmamente engavetar a Lava Jato e restaurar as políticas conservadoras do passado”.

Com um viés mais econômico, o The Wall Street Journal (WSJ) crê que “investidores podem estar dando muito crédito a políticos do país e desconsiderando os problemas”. O principal jornal americano de finanças lembra que desde que assumiu, o presidente interino Michel Temer “fez muito pouco” para restaurar a economia. Para o WSJ, as “primeiras ações” de Temer no cargo vão em sentido oposto do controle de gastos: tolerância a Estados endividados com a União e “aumentos para servidores públicos muito bem pagos”.

por:Veja

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