O apelido “Gabigol” – que tentou deixar no passado – já faz sucesso entre os italianos. Nos últimos dias, a imprensa local passou a vasculhar a vida do atacante nascido em São Bernardo do Campo que chamou a atenção do Santos com apenas oito anos. Descoberto em jogos de futsal por Zito, histórico jogador do Santos e da seleção brasileira que trabalhava como olheiro do clube do litoral, Gabigol passou dez anos na Vila Belmiro. Marcou mais de 600 gols nas categorias de base e, apesar de não ter repetido o sucesso dos antecessores, lidou bem com a pressão de ser o “novo Neymar”, “Robinho” ou “Ganso”. Vestiu a camisa 10 de Pelé, marcou 57 gols em 156 jogos como profissional, e conquistou dois títulos paulistas – além do recente ouro olímpico com a seleção brasileira.
Agora, Gabigol terá de lidar com a responsabilidade de suceder Ronaldo e Adriano como artilheiro brasileiro da Inter de Milão. Canhoto, habilidoso e com bom senso de finalização, tem características mais semelhantes às do Imperador. Sua personalidade se assemelha mais à do Fenômeno – ou a de Romário. Acostumado a ser uma estrela em Santos desde a adolescência, Gabriel Barbosa é vaidoso e marrento. Já se envolveu em confusões dentro e fora de campo e gosta de chamar a atenção pelo visual – com os cortes de cabelo, o uniforme apertado e o calção levantado.
Gabigol é ousado e controverso na medida certa e demonstrou maturidade ao assinar contrato com a Inter, na semana passada. Depois da conquista do ouro olímpico, o jogador descoloriu a barba. Mas, ao viajar à capital da moda, raspou a barba e se apresentou com visual mais sóbrio – ainda que de boné. Foi recebido por dezenas de torcedores nerazzurri e recebeu elogios do técnico holandês Frank de Boer – que cansou de correr atrás de atacantes brasileiros quando era zagueiro, na década de 90. “Gabriel pode jogar em qualquer posição do ataque”, disse.
A Inter de Milão recebeu um grande aporte financeiro dos novos donos chineses, mas não vive bom momento. Iniciou mal o campeonato italiano (um ponto em dois jogos) e não se classificou à Liga dos Campeões (jogará a Liga Europa). Além disso, Gabigol enfrentará forte concorrência e entrará no final de uma fila que possui os argentinos Mauro Icardi (capitão do time e ídolo da torcida) e Rodrigo Palacio; o brasileiro naturalizado italiano Eder; o francês Jonathan Biabiany; e o croata Ivan Perisic. Por outro lado, certamente a convivência com os outros brasileiros do elenco – Miranda (seu colega de seleção) e Felipe Melo – vai ajudá-lo. Além, claro, da boa vontade dos italianos com brasileiros.
Gabriel não é um jogador pronto, mas ainda pode se desenvolver fisicamente e, sobretudo, tecnicamente, no exigente futebol italiano durante seus cinco anos de contrato. Provavelmente jamais alcançará o nível técnico de Ronaldo ou Zico, mas tem talento e potencial para se destacar na Europa. Sua história em Milão terá início após as partidas da seleção brasileira contra Equador e Colômbia, pelas Eliminatórias, no início de setembro.
Por Luiz Felipe Castro/Veja
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