A Colômbia detém, assim, pela primeira vez a luta com as Farc de forma definitiva, após um conflito que deixou milhares de vítimas entre mortos, deslocados e desaparecidos. “As rivalidades e rancores devem ficar no passado. Hoje, mais do que nunca, lamentamos tanta morte e dor causadas pela guerra. Hoje, mais do que nunca, queremos abraçá-los como compatriotas e começar a trabalhar unidos pela nova Colômbia”, disse Timochenko.
Horas antes, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, também havia falado sobre o conflito com a guerrilha. “Nós nos acostumamos tanto com guerra que esquecemos como se sente a paz, como se sente ser um país normal”, disse Santos. Ele afirmou que “a guerra se tornou parte da paisagem” do país e que seus compatriotas “esqueceram os tremendos dramas humanos acarretados por essa dor, esse atraso trazido por esse conflito”.
O acordo foi assinado após 45 meses e cinco dias de intensas negociações. Com a entrada em vigor do cessar-fogo, ficam pendentes outros passos do processo, como a décima conferência das Farc, na qual renunciarão à luta armada e decidirão sua transformação em partido político, que será realizada entre os dias 13 e 19 de setembro no sul do país.
Igualmente falta a assinatura protocolar do acordo de paz, em um local e data ainda a definir, mas que será entre os dias 20 e 26 de setembro, e o plebiscito de 2 de outubro no qual os colombianos dirão nas urnas se aprovam ou não o que foi estipulado.
Completados esses passos, em um prazo de seis meses, ou seja, em março do próximo ano, deverá estar concluída a desmobilização das Farc.
Cessar-fogo unilateral
Desde 20 de julho de 2015, rege o último cessar-fogo unilateral das Farc como medida para gerar confiança no processo de paz, que foi respondido pelo governo com a suspensão de bombardeios a acampamentos da guerrilha, o que reduziu de maneira considerável a intensidade do conflito. “Este período de 13 meses continua sendo o de menor intensidade do conflito em seus 52 anos de história, em número de vítimas, combatentes mortos e feridos e ações violentas”, constatou em seu mais recente relatório o Centro de Recursos para a Análise de Conflitos (Cerac).A redução das ações armadas é evidente nas zonas rurais, onde, ao longo das últimas cinco décadas, se concentrou o conflito e onde o povo vê com esperança a chegada da paz. Segundo o relatório do Cerac, durante o último mês esse organismo “não registrou ações nem das Farc nem da polícia contra esta guerrilha, evidenciando um cumprimento completo das partes dos compromissos bilaterais” que tinham caráter provisório e que a partir da meia-noite de hoje serão permanentes.
(Com agência EFE e France Presse)
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