PRIVATIZAÇÕES- GOVERNO
BRASÍLIA — Assim que for encerrado o capítulo do impeachment, o
presidente interino, Michel Temer, terá de tomar medidas para acabar com
a sensação de governo provisório e dar continuidade à construção de
estabilidade e credibilidade para os próximos dois anos. Para dar a
feição que seu governo quer ter, além dos já anunciados teto para gastos
públicos e reforma da Previdência, Temer terá mais uma prioridade: a
abertura para o capital privado em todos os setores possíveis, fugindo
do formato tradicional de fazer concessões apenas na área de
infraestrutura.
Entre as medidas que devem ser anunciadas após a
viagem que Temer fará à China, para a reunião do G-20, estão um programa
de concessões em parceria com os estados, voltado para áreas essenciais
como hospitais, creches, presídios e saneamento. O modelo já é adotado
por estados como Goiás e municípios como Belo Horizonte para
instituições de ensino.
— Vamos acabar com o conteúdo nacional
exacerbado, que só traz superfaturamento. Só vamos manter aquilo em que
formos competitivos. Ao invés de generalizado, será setorizado. Temos
que mudar a visão do investimento público, ampliando ao máximo as
concessões. Faremos PPPs (parcerias público-privadas) para esgoto,
penitenciárias, hospitais e creches, comprando vagas para as crianças. É
mais racional do ponto de vista do gasto público — disse um auxiliar de
Temer envolvido nos programas.
Sem dinheiro para investir e com
os orçamentos comprometidos com despesas de pessoal e custeio, os
estados receberão uma garantia da União, por meio de seus ativos, para
fechar os contratos. O governo estuda usar os Fundos de Participação dos
Estados e Municípios como uma segunda garantia para as PPPs darem
certo.
O governo decidiu que não fará grandes pacotes de medidas.
Prefere ir anunciando aos poucos as novidades. Para evitar a acusações
de que está neglicenciando a área social, que esteve no centro das
gestões petistas, Temer instituirá um prêmio para prefeitos com melhor
desempenho em projetos no setor. Em 14 de setembro, Temer lançará um
programa voltado às quatro milhões de crianças de 0 a 4 anos do Bolsa
Família. Elas passarão a ter acompanhamento multidisciplinar semanal nos
primeiros mil dias de vida, e quinzenal a partir desta idade.
600 MIL FAMÍLIAS DESCREDENCIADAS
Paralelamente,
o Ministério do Desenvolvimento Social fará um pente-fino no cadastro
do Bolsa Família. No último mês, 600 mil famílias foram descredenciadas
por não mais atender aos requisitos do programa. Ao todo, 14 milhões de
famílias integram o cadastro do programa.
Depois das eleições,
Temer lançará, em parceria com as prefeituras, um programa de inclusão
produtiva dos beneficiários do programa, como estímulo para deixar de
receber o Bolsa Família. Os beneficiários terão linhas de crédito
subsidiadas para comprar material de trabalho, como máquinas de costura,
de jardinagem e mecânica, entre outros. Os prefeitos que mais incluírem
esta mão de obra receberão anualmente um prêmio em dinheiro para
projetos em sua cidade.
O governo dará um a dois anos de carência
para o beneficiário manter o dinheiro do programa, somado a seus
rendimentos do emprego.
— O Bolsa-Família é uma das maiores causas
da informalidade. A pessoa não quer perder o benefício, então deixa de
assinar a carteira de trabalho. Vamos garantir os dois rendimentos e
manter o número dos cartões. Caso a pessoa perca o emprego, ela retorna
para o programa. É uma segurança e um estímulo — disse o ministro do
Desenvolvimento Social, Osmar Terra.
EUA ANUNCIAM FIM DE PRISÕES PRIVADAS
Nos
Estados Unidos, o governo do presidente Barack Obama anunciou neste mês
que vai acabar gradualmente com os presídios privatizados. Uma
auditoria feita pelo Departamento de Justiça americano constatou que as
unidades privatizadas têm mais problemas de segurança do que as
administradas pelo governo. A redução da população carcerária registrada
nos últimos três anos também pesou na decisão do governo. Ao todo são
193,3 mil presos, dos quais 22,1 mil, o equivalente a 12% do total da
população, estão em presídios privatizados. Apenas as prisões
privatizadas onde permanecem imigrantes que aguardam deportação serão
mantidas — total de 34 mil. As unidades privatizadas surgiram nos
Estados Unidos no final dos anos 1990, por causa da superlotação
carcerária. Três empresas administram esses presídios. As companhias
discordam da auditoria.
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